O chefe da missão de observação da União Europeia às eleições gerais de Moçambique denunciou hoje "diversas e graves irregularidades" no processo que, no entanto, disse, não comprometem os resultados.
"A avaliação das irregularidades não põe em causa o resultado das eleições", afirmou em Maputo o eurodeputado espanhol Javier Pomés, na segunda declaração preliminar da missão de observação da União Europeia.
Os resultados oficiais das eleições presidenciais e legislativas de 01 e 02 de Dezembro ainda não foram anunciados oficialmente, apesar de a lei obrigar à sua divulgação até 15 dias depois da votação, mas contagens provinciais e paralelas dão uma vantagem ao candidato da FRELIMO, Armando Guebuza, sobre Afonso Dhlakama, da RENAMO, de quase o dobro dos votos.
"Apesar destas irregularidades, é clara a diferença entre os resultados obtidos pelas distintas opções", sublinhou o eurodeputado, considerando, no entanto, que, nas eleições legislativas, nas quais a FRELIMO leva igualmente vantagem, "o tratamento correcto das irregularidades pode resultar na alteração da distribuição de lugares" no Parlamento.
Numa declaração muito dura para com os órgãos eleitorais moçambicanos, Pomés acusou a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) de terem "desperdiçado tempo, dinheiro e conselhos".
"O seu comportamento explica um bom número dos problemas observados", afirmou Pomés, que disse que a União Europeia "não quis nem pôde" controlar os cerca de 12 milhões de euros que entregou directamente ao Orçamento de Estado moçambicano para a realização das terceiras eleições gerais.
O chefe da missão europeia acrescentou que a sua missão continuará no terreno até à conclusão do processo e anunciou para Fevereiro de 2005 uma declaração final sobre as eleições.
Agência Lusa - 20.12.2004
NOTA: Veja esta conferência de imprensa em
http://www.macua.org/temp/rtpaeleicoes2004.html
no vídeo de 20.12.2004