Mais de 400,000 pessoas em mais de 700 assembleias de voto, sobretudo mas não exclusivamente, em areas da Renamo, não puderam votar porque as assembleias de voto não abriram, abriram muito tarde, estavam no lugar errado ou não tinham o caderno eleitoral certo. Além disso, milhares não se puderam recensear em Julho. Aparentemente, 37, 43 ou mais assembleias de voto não abriram, sobretudo devido a estradas interrompidas pelo mau tempo que impediram o envio de materiais de votação. A 2 de Dezembro a CNE disse que não tinham aberto 37 assembleias de voto – 18 no distrito de Milange, na Zambézia, 8 em Gaza, 6 em Niassa e 3 em Cabo Delgado. Quatro dias mais tarde a CNE disse que não tinhamaberto 43 assembleias de voto – 33 em Milange e 10 em Cabo Delgado, com um total de 24 943 eleitores. Mas o comunicado final lido pelo Presidente da CNE, Arão Litsure, a 22 de Dezembro, voltava ao número de 37, não dando detalhes. Muitos correspondentes do disseram claramente que muitas assembleias abriram muito tarde, algumas vezes na tarde do segundo dia. Relatórios de correspondentes e observadores mostraram também algumas assembleias de voto que não tinham o caderno eleitoral ou não tinham o correcto. Alguns destes problemas foram resolvidos no segundo dia, mas não todos. O resultado foi uma afluência muito baixa em algumas assembleias. O Observatório Eleitoral fez uma amostra de 775 assembleias de voto, 6% do total. Esta mostra 4 assembleias de voto (0,5% da amostra) onde aparentemente só o mesa votou, o que significa que não tinham o caderno ou tinha um errado. A amostra mostra outras 20 (2,6%) onde menos de 5% dos recenseados votou, o que provavelmente significa que a assembleia só abriu muito tarde ou recebeu o caderno muito tarde e poucos conseguiram votar. Este grupo de 3, 1% representa quase 400 assembleias de voto onde as pessoas não puderam de facto votar. Finalmente, pensamos que pelo menos 200 assembleias de voto abriram muito tarde em distritos como Pebane, Maganja da Costa, Ile, Morrumbala, Caia, Erati, Lago e Chiure, onde a afluência foi entre 5 e 10%. Ao todo, representa 640 assembleias de voto onde a maioria ou mesmo todos os eleitores não puderan, na prática, votar; e isto representa 5% do número total de assembleias de voto e provávelmente 380 000 pessoas que não puderam votar. A Renamo repetidamente alegou que os seus eleitores em partes da Zambézia foram forçados a caminhar distâncias excessivamente longas, e isto está agora confirmado. A Renamo deu aos observadores uma lista de 41 cadernos eleitorais de 1999 do Alto Molocué, Mocuba e Gilé que diz terem sido compilados pelas brigadas móveis. Cada aldeia em que a brigada pára para recensear eleitores devia ter uma assembleia de voto; onde foi compilado um caderno por brigadas móveis fazendo várias paragens, cada assembleia de voto tem uma cópia do caderno. Este foi o caso na maior parte do país. Mas a Renamo diz que para estes 41 cadernos houve só uma assembleia de voto, resultando em que alguns eleitores teriam de caminhar 20 Kms ou mais. Os observadores discutiram isto com a Comissão Provincial de Eleições que confirmou que a Renamo tinha levantado o problema. Eles disseram que a sua interpretação das regras era que as assembleias de voto tinham de ter, o mais próximo possível de 1000 eleitores e por isso só podiam ter uma assembleia de voto por cada brigada móvel, apesar das longas distâncias entre aldeias em algumas partes da Zambézia. Tomaram essa decisão apesar de reconhecerem que isso significava que muitas pessoas não iam poder votar. Disseram que pediram conselho à Comissão Nacional de Eleições mas não tiveram resposta. O ponto de vista da Comissão Provincial de Eleições era manifestamente incorrecto e provavelmente terá retirado o direito de voto a pelo menos 20 000 pessoas, elevando o total para 400 000. Os observadores notaram também em outras províncias que alguns eleitores estavam a 20 Kms ou mais de uma assembleia de voto.Boletim 30 e que foi de novo levantada pela Renamo. Milhares de pessoas não se puderam recensear em Julho. Tanto o Carter Center como o Observatório Eleitoral mencionaram importantes problemas organizacionais. Houve grande número de relatórios de brigadas que foram forçadas a parar o recenseamento, por vezes durante vários dias. Em muitas áreas as brigadas móveis não conseguiram cobrir todos os lugares previstos por falta de transporte e combustível, demoras à espera de material ou simplesmente por fraco planeamento. Observadores em várias províncias apontaram aldeias onde não tinham chegado. A Renamo nas províncias de Manica, Zambézia e Nampula fizeram várias listas de aldeias não cobertas, alegadamente com milhares de potenciais eleitores. Assim, mau tempo e fraca organização, tanto para o voto como para o recenseamento, levaram à exclusão de muitos potenciais eleitores – certamente mais de 400 000. Claro que nem todos teriam votado e nem todos teriam votado pela Renamo, mas a Renamo certamente perdeu mais eleitores potenciais que a Frelimo. I - 29 IMPARCIAL - 06.01.2005 Finalmente há a questão que levantámos no