Por vezes, a Renamo, a maior e principal força da Oposição política moçambicana, comete erros que só dão azo para os seus adversários políticos se aproveitarem e fazer o jogo político que lhes convém.
No recém terminado Conselho Nacional da Renamo, que teve lugar na Beira, o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, anunciou uma série de medidas tomadas naquele importante encontro, que esteve a analisar, sobretudo, a crise eleitoral que ainda se vive no país.
Uma das exigências apresentadas por Afonso Dhlakama, como uma das saídas para a solução da crise, é a negociação de um “numero razoável de assentos” da Renamo/União Eleitoral na Assembleia da Republica.
Ora, se a própria Renamo-UE afirma categoricamente que os seus deputados eleitos em diferentes círculos eleitorais não devem tomar posse, por razões já conhecidas, não se percebe como é que a dado passo admite-se uma negociação para a ocupação de eventuais assentos na AR que teriam sido “roubados” pelo partido no poder.
Para mim, esta exigência não devia constar no rol das deliberações anunciadas por Dhlakama, pois só da azo ao que de antemão se sabia que a Frelimo não haveria de cair em tal fita.
Além da rejeição desta proposta da Renamo, tudo indica que a Frelimo e o seu candidato “eleito”, Armando Guebuza, não vão ceder nas exigências colocadas pela ”perdiz”, e se revelam como sempre apostados a avançar com as suas “mafias”, sobretudo em defesa dos seus interesses partidários.
A Renamo, sim senhor, fez bem não reconhecer os resultados eleitorais divulgados pela Comissão Nacional de Eleições e que, ao meu ver dão vitoria fraudulenta, a Frelimo e a Guebuza.
A posição de não retorno a guerra também está correctissima. E agora qual será o futuro? Bastara não tomar posse na Assembleia da Republica, não assumir o lugar no Conselho Constitucional, que estaria reservado a Afonso Dhlakama?
O que não se disse no final do Conselho Nacional é se se avança ou não para as manifestações de rua, que quanto ao meu ver é uma das armas importantes para pressionar as mudanças ou queda do seu opositor – a Frelimo.
As manifestações são um direito de qualquer cidadão ou organização numa sociedade democrática e é nisso que a Renamo daqui em diante deve apostar, tal como sucedeu em Madagascar. E sabido que a Frelimo “guebuziana” pretende reprimir qual manifestações contra o seu Governo, se calhar, pior do que aconteceu em 2000 em Montepuez, Cabo Delgado, mas vejo outra alternativa para fazer valer a vontade deste povo cansado de ser oprimido pelo regime JOSÉ CHITULA – IMPARCIAl - 14.01.2005