TRIBUNA
Coluna de João CRAVEIRINHA
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… “FRELIMO AÍNA MUÍSHO”…Traduzindo do suahíle, o título desta canção guerrilheira da FRELIMO, é para se chegar à conclusão de facto de que a “FRELIMO NÃO TERÁ FIM” no poder em Moçambique, pelo menos, durante estas duas gerações das Lutas Armadas!!!”…in João Craveirinha, Junho 2004.
Em 28 de Junho de 2004 IMPROFETICAMENTE vaticinamos que a FRELIMO AÍNA MUISHO a PROPÓSITO da VISITA DE ARMANDO EMÍLIO GUEBUZA a PORTUGAL e a contradição da Política Africana Portuguesa…O general moçambicano na reserva,
Armando GUEBUZA, esteve em Portugal em campanha de charme político na penúltima semana de Junho 2004. Seria (des!?) promovido a Dr. Pela imprensa portuguesa habituada a medir a inteligência pelo grau académico. Armando Emílio Guebuza participou numa conferência muito concorrida (vista na RTPÁfrica), com políticos e empresários portugueses em esmagadora maioria do Partido do Governo PSD, contraditoriamente. E porquê contraditoriamente?
Porque a FRELIMO está filiada na Internacional Socialista (de esquerda), mas inteligentemente continua a privilegiar o seu relacionamento com o parceiro da RENAMO na família internacional dos partidos populares de Direita. E a RENAMO o que faz?
Perde-se em questiúnculas de somenos importância internamente. Só apoio interno não chega (que a RENAMO julga ter e ser suficiente) se esquecendo que as eleições serão decididas também e sobretudo a nível das potências mundiais com Portugal como “capataz”. Daí ser pertinente a repetição das citações de Patrick CHABAL, Professor da Universidade Londrina do King’s College…um especialista e analista
político dos países africanos lusófonos. Que deixa vários recados sobretudo para a RENAMO e a FRELIMO (extensivo a PORTUGAL), que passamos a citar: - Em
relação a MOÇAMBIQUE… “O que é potencialmente importante é o facto de Chissano deixar a política e isso joga a favor da RENAMO, porque não sei se Guebuza terá o mesmo apoio. O problema é que a RENAMO não é um partido da oposição politicamente muito sério. E Dhlakama não é muito credível”(…) “A RENAMO não trabalha muito para atacar a política do Governo da FRELIMO. Não temos a certeza que a RENAMO acredite que pode ganhar. É esse o problema.
O partido não se coloca verdadeiramente na posição de alternante. Isso pode jogar a seu desfavor. Mas têm um grande apoio popular”…E um recado a Portugal sobre a CPLP… “Em Portugal ainda existe uma tendência demasiado forte” para analisar o que se passa nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) em função de “uma obsessão relativamente ao império africano”. Seria desejável ver a evolução de cada país num contexto mais africano”. (…) …”a CPLP é relativamente pouco
importante. É simbólico mas é pouco importante, porque esses países têm agora interesses muito divergentes” (…) –, Fim de citação. E dizemos nós –, chegou a altura dos moçambicanos perguntarem à RENAMO: Estão a espera de quê? Mexam-se diplomaticamente. Exijam SOLIDARIEDADE ao PSD apesar da RENAMO historicamente ter tido mais ligações com o CDS-PP (mais à direita ainda), agora na coligação política no poder em Portugal… Se calhar a conjuntura política mundial e em Portugal nunca
estiveram tão favoráveis a uma “ideologia” tipo RENAMO. A FRELIMO e o seu candidato Armando GUEBUZA estão a somar pontos e o líder da RENAMO, Afonso DLAKHAMA, ainda não se terá apercebido, isolado, talvez, na sua fortaleza de convicção dada
pelos seus conselheiros de que a VITÓRIA é CERTA.
No entanto a Vitória constrói-se no dia a dia até às eleições. Afonso DLAKHAMA precisa urgentemente de visibilidade positiva…“A comunidade internacional é totalmente ambígua. Por um lado, quer eleições democráticas” (…) “Por outro, prefere ter que lidar com aqueles que conhece, ou seja, a FRELIMO, em vez de ter de fazer face a um outro governo, que seria uma incógnita total”... in Professor Catedrático francês, Patrick Chabal, do King’s College de Londres sobre “On the Political Processes of the Lusophone African countries” em 8 de Junho 2004”…(fim de citação). Por isso a RENAMO tem de conquistar o “eleitorado” da comunidade Internacional a começar pelo (eleitorado) do seu parceiro na família dos partidos populares –, o PSD português. Caso contrário não vale a pena haver eleições em Moçambique… (Fim mas só neste texto).
EM BREVE, POR INSISTÊNCIA DE INÚMEROS LEITORES DA TRIBUNA, O COMENTÁRIO CRÍTICO AO LIVRO DE BARNABÉ NCOMO…”URIA SIMANGO, UM HOMEM UMA CAUSA”.
CORREIO DA MANHÃ(Maputo) – 04.01.2005