AFONSO DHLAKAMA*
(…) Convocamos esta magna reunião do Conselho Nacional do nosso partido Renamo com objectivo de analisar, em profundidade, a situação política nacional decorrente das eleições presidenciais e legislativas realizadas nos dias 1 e 2 de Dezembro último.
Estamos aqui reunidos, nesta cidade da Beira, cujo governo nos pertence por direito próprio,
para reafirmarmos a força e a vitalidade da Renamo.
O nosso partido, ao contrário daquilo que pretendiam algumas forças estranhas aos legítimos interesses nacionais, está a fortalecer-se e a crescer.
A nossa credibilidade interna e internacional está a aumentar, pois somos nós os verdadeiros
guardiões da democracia em Moçambique.
Outras forças políticas, que tiveram a veleidade de desafiar a intenção de voto dos moçambicanos,
enfraquecem e ficam desacreditadas, pois roubam descaradamente os votos dos seus próprios irmãos e querem manter-se no poder à custa da venda das almas dos moçambicanos e da escravização dos seus próprios concidadãos.
Se é que essas forças políticas ainda gozavam de alguma credibilidade interna e externa, essa
credibilidade desapareceu por completo.
No plano interno, pretendem formar um governo à revelia da vontade dos moçambicanos, criando um clima agressivo e de alto descontentamento.
Querem governar a todo o custo, contra a vontade do povo, distante do povo, sem contar com o apoio da população, que é fundamental para que se alcancem os patamares de desenvolvimento por nós desejados.
O partido que quer continuar a governar os nossos destinos colectivos de povo e da nação, fala de democracia, mas tem medo da prática democrática.
Um população sofrida e honesta como é a população moçambicana não quererá viver sob a governação de alguém que começa o seu percurso de liderança exactamente roubando os votos dos seus concidadãos.
O povo de Moçambique, do Rovuma ao Maputo, sabe o que quer e quem quer a liderar os seus destinos.
O povo de Moçambique, do Rovuma ao Maputo, entende o que é a democracia, sabe que lhe pertence o direito de escolher os seus dirigentes e deseja ver a Renamo e o seu candidato a governar Moçambique.
Provámos nestas eleições que os verdadeiros democratas somos nós, pois não necessitamos
de espoliar os cidadãos para sermos votados e conseguimos resistir heroicamente a mais uma
tentativa de destruição da Oposição políticapartidária e de retorno ao monopartidarismo, agora, porventura, mascarado com uma ou outra força política fantoche que permitisse passar para a comunidade internacional uma ideia de falsa democracia e receber assim as volumosas quantias de apoio financeiro que são depois dirigidas para os interesses individuais, ao invés de serem aplicadas para servir o povo, como deveria acontecer.
Mas nós, Renamo, soubemos mais uma vez demonstrar a nossa força, obrigando o partido no poder a continuar a conviver e a partilhar o espaço político nacional com a força política real e incómoda, porque defende intransigentemente os interesses do Estado e dos cidadãos.
É esta situação de real bipolarização políticopartidária que o nosso adversário queria evitar a todo o custo, tentando até empurrar-nos para situações de marginalidade política para que eles voltassem a ser donos absolutos do sistema político nacional.
Estamos a desempenhar um papel decisivo na história política de Moçambique e de África, defendendo o nosso povo e o nosso país contra as tentações destrutivas daqueles que empobrecem Moçambique há 30 anos.
Soubemos sacrificarmo-nos para atingirmos este patamar de credibilidade institucional e política, saberemos resistir para que o projecto democrático se desenvolva em Moçambique.
É um projecto que se iniciou em 1977 e custou milhares de vidas de jovens cheios de força, coragem e talento para servirem o seu país.
Não seria hoje, passados quase 30 anos de trabalho árduo, que irámos atraiçoar a memória destes verdadeiros heróis nacionais ou desistirmos de todo este grande investimento que já levamos a cabo.
A nossa luta deve continuar, cada vez mais forte e confiante, pois sabemos que o nosso caminho é o correcto e a luta pela democracia é apoiada por toda a população (Continua na próxima edição)
* DISCURSANDO NA CERIMÓNIA DE ABERTURA NO CONSELHO NACIONAL DA RENAMO, A
DECORRER NA CIDADE DA BEIRA, EM SOFALA.
IMPARCIAL – 11.01.2005