por João Craveirinha
APRÈS MOI LE DÉLUGE
(in Rei Louis XV de França)
O rei francês Louis XV (1710-1774), amante dos prazeres e de Madame Pompadour, teria dito que: …”DEPOIS DE MIM, O DILÚVIO”… Referia-se à queda iminente da monarquia francesa.
Depois dele, com o eclodir da Revolução Francesa, o seu sucessor o rei Louis ou Luís XVI seria preso, condenado e a cabeça cortada na guilhotina em Paris a 21 de Janeiro de 1793. A França mergulharia em convulsões e guerras até à queda de Napoleão Bonaparte. Isto vem a PROPÓSITO da ALMA e da queda dos valores na sociedade. É o novo DILÚVIO.
Uma tarde deparei com um texto interessante do escritor luso, Alçada Baptista, dissertando sobre a Alma citando Simão – o Mago gnóstico (sábio) de Alexandria do 1º século (?!) da era Cristã… teria cometido a “HERESIA GNÓSTICA” ao afirmar que a Alma é uma pequena chama que ao nascermos é colocada dentro de nós, se desenvolve ou fenece se apagando.
Outra das citações refere-se ao Padre jesuíta, José Anchieta (1534 - 1597) quando na Amazónia no Brasil, pediria a uns índios que lhe transportassem a bagagem para um local muito afastado e se apressassem. Depois de cerca de dois dias de caminhada rápida os índios teriam parado para descansar. O Padre Anchieta impaciente perguntaria aos índios a razão da paragem se ainda não tinham chegado ao destino? Ao que os indagados retorquiriam: …”É que nós viemos depressa demais e a nossa alma ficou lá para trás. Temos que esperar aqui que ela chegue”…Bem, com esta introdução, António Alçada Baptista, emérito intelectual português, desenvolveria o tema de na sociedade moderna se andar muito acelerado numa vida agitada e por tal se tornando ela cada vez mais sem ALMA, desumanizada, desatenta aos valores humanos…”desalmada”…É um texto interessante sobre a perda de valores éticos na sociedade livre onde os jovens seriam o fruto ou vítimas da falta de crença nos altos valores porque a geração anterior (a dos pais) não acreditava em nada – a geração dos pais seria a geração dos “anarcas” das revoluções contestatárias, sem Deus sem religião – dizemos nós. Hoje a sociedade estaria a pagar com o reflexo dos comportamentos anti-sociais…”puseram-se a dizer que a juventude é que sabia (…) ela é que conhecia os valores que iriam fazer o futuro (…) não é a juventude que sabe, mas tem a obrigação de aprender quais os valores que nos regem e aqueles que nos hão-de reger”…diz o escritor luso.
Finalizando Alçada Baptista reforça esta análise com o facto da imagem que nos teria sido transmitida da ALMA…” e da sua relação com a transcendência espiritual era uma coisa muito triste e que isso talvez nos tenha afastado da ALMA e de todas as solicitações que ela nos devia trazer”…Alçada Baptista continua no entanto que talvez a ALMA não fosse assim tão triste. Teriam era nos ensinado a vivê-la no seu lado mais cinzento e …” do lado da angústia em vez de a procurarmos do lado da alegria e do êxtase”…Evidentemente que o escritor se referia, paradoxalmente, à educação religiosa da geração dos pais dos actuais adolescentes que pecava pelo “excesso de castigos celestes”, acabando por não desenvolvermos a ALMA com optimismo. Resumindo Alçada Baptista enfatiza: …” Mas Simão, o Mago, tinha razão: NEM TODOS TEMOS ALMA”…Até à próxima! –
(Pedimos desculpas aos nossos leitores pela ausência desta coluna, sem aviso prévio na semana passada, devido a problemas técnicos cibernéticos).
24 Janeiro 2005 – O Autarca da Beira e ZOL