Conferência sobre Lusofonia em África :
Historia, democracia e integração africana de 28 a 30 de Abril de 2005, em Luanda
Com o objectivo de desenvolver as suas actividades de pesquisa nos países africanos de língua oficial portuguesa, o CODESRIA organiza de 28 a 30 de Abril de 2005 em Luanda, Angola, um colóquio internacional sobre o tema: Lusofonia em África: história, democracia e integração africana.
Os temas ligados à história, democracia e integração africana são recorrentes nas pesquisas em ciências sociais. No contexto dos países africanos que falam o português, estes temas têm uma ressonância particular.
A Lusofonia em África não é um conceito abstracto!
A sua essência resulta de uma variedade de especificidades, que muitas das vezes são questionadas. Este grupo de países que outrora manteve relações estreitas com a antiga potência colonial soube construir uma identidade que vai para além da simples utilização comum da língua. Eles foram marcados no passado pela exploração e dominação coloniais. As sequelas do tráfico negreiro, a herança de um poder autoritário e de uma economia pouco desenvolvida, aliados a uma política de assimilação, que deu lugar a formas diversas de sociedades crioulas, são elementos constitutivos desta mesma "lusofonia". Esta entidade lusófona é também o resultado da expressão contemporânea dos povos de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe.
As relações de dominação e de exploração que se reforçaram durante a colonização tiveram repercussões no tipo de Estado e nas relações que este estabeleceu com o conjunto da sociedade. A instabilidade política persistente em alguns desses países remonta a clivagens criadas pelo tipo de colonização a que estiveram sujeitos. A guerra civil em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, bem como o sinuoso percurso político de S. Tomé e Príncipe são certamente fruto da exacerbação de contradições do pós independência, mas estão igualmente ligados a factores históricos que remontam ao período pré-independência.
Esta herança colonial que deu lugar a regimes políticos autoritários no período colonial e pós-colonial justifica a exigência de instauração de bases democráticas nesses países, tanto mais que um país como Cabo Verde, que seguiu a mesma trajectória colonial e um regime de partido único, tem experimentado um desenvolvimento espectacular exemplar para o resto do continente. A vaga de transições democráticas que remonta aos finais da década de 80 conheceu dificuldades enormes que para se tornarem inteligíveis devem ser colocadas na perspectiva de uma análise do processo histórico de cada um desses países.
O colóquio será uma ocasião para revisitar estes e outros temas, colocando-os na perspectiva dos novos desafios que as mutações económicas, sociais e políticas dos últimos vinte anos colocam. A liberalização política joga um papel importante nesta mudança profunda. Para lá de uma certa particularidade histórica, estamos no direito de nos colocar a questão da implicação dos PALOP nas dinâmicas políticas e ideológicas que marcam a África contemporânea. No seio deste grupo de países lusófonos, as diferenças locais podem ser decisivas. Neste movimento global, como é que se afirma esta particularidade lusófona? Como é que se distinguem e como é que se aproximam? Como medir e comparar a instabilidade política na Guiné-Bissau e a construção da democracia em Cabo Verde?
O colóquio proporcionará aos participantes uma ocasião para melhor compreender o alcance político destas transições democráticas e as especificidades que as caracterizam.
Discutir a lusofonia em África implica não só tomar em consideração os aspectos políticos, mas igualmente analisar os problemas económicos complexos que a ela estão ligados, tanto a nível nacional, como regional e mundial. Daí a importância a acordar às dinâmicas transfronteiriças que se verificaram e se verificam entre os países africanos Lusófonos e os países vizinhos, a fim de nelas surpreender as lógicas subjacentes à actuação dos actores individuais e colectivos.
Torna-se igualmente pertinente examinar as modalidades de afirmação da Lusofonia em relação com o reforço da integração regional. Será a cooperação entre os países lusófonos uma etapa indispensável à uma cooperação económica e financeira a nível internacional? A pertença a esta lusofonia dará lugar a uma nova comunidade política capaz de agir enquanto tal na esfera política internacional? De que maneira pode o mundo lusófono de Africa participar no elan colectivo dos países africanos face à globalização?
Os investigadores em ciências sociais, lusófonos e não lusófonos, estão convidados a reflectir sobre as questões de análise que coloca esta categoria de países em África. Tendo em atenção tudo o que precede e o objectivo deste colóquio que é essencialmente o de identificar as relações entre a história, a democracia e a integração africana, o CODESRIA espera receber propostas sobre os seguintes subtemas:
1. Herança histórica dos PALOP: desafios e perspectivas
2. Mutações políticas e sociais nos PALOP e os desafios da democracia em África;
3. A Lusofonia e a integração africana
Estes temas não são porém limitativos. Podem ser encaradas outras propostas sobre temas vizinhos. A apresentação de propostas de painel e/ou mesa redonda é vivamente encorajada. Todas as propostas devem dar entrada no Secretariado do CODESRIA o mais tardar até 15 de Janeiro de 2005. Os investigadores cujas propostas serão seleccionadas serão informados até 30 de Janeiro de 2005 e serão convidados a fazer chegar os seus documentos finais o mais tardar até 31 de Março de 2005. As correspondências relativas ao colóquio devem ser enviadas ao seguinte endereço:
Colóquio Internacional sobre a Lusofonia em África
(Council for the Development of Social Science Research in Africa CODESRIA)
Conselho para o Desensenvolvimento das Investigações em Ciências Sociais
BP 3304, CP 18524
Avenue Cheikh Anta Diop X Canal IV
Dakar, Senegal
Tel : + 2218259822/8259823 Fax: + 221-8241289
E-mail: [email protected]
Site web: www.codesria.org