SEGUNDO CARLOS JEQUE
Carlos Jeque, analista político, disse, em contacto, com o IMPARCIAL, pouco após a validação dos resultados das Terceiras Eleições Gerais feita, ontem, pelo Conselho Constitucional que a deliberação era, por demais esperada. Na acepção do jurista, candidato independente ás presidenciais de 1994 e as eleições autárquicas, pela cidade de Maputo, em 2003, caso o recurso da Renamo- União Eleitoral tivesse dado entrada no Conselho Constitucional, em tempo útil, este orgão analisaria o processo eleitoral «de forma objectiva».
A oposição falhou
Jeque defende a tese de que a Oposição falhou em termos organizacionais. «Faltou organização na Oposição», defendeu o nosso interlocutor. Refira-se que os resultados validados, ontem, pelo Conselho Constitucional foram os piores que a Oposição liderada pela Renamo, de Afonso Dhlakama, já tiveram desde as primeiras eleições pluralistas de 1994. A título de exemplo, a Renamo- União Eleitoral, nunca antes, tinha eleito, para Assembleia da República, menos de 100 deputados. Nas eleições de 1 e 2 de Dezembro último somente elegeu 90 deputados. CM
«Conselho Constitucional foi injusto»
Francisco Machambisse, mandatário da Renamo-União Eleitoral e do seu candidato, Afonso Marceta Macacho Dhlakama, a figura mais assediada pela comunicação social, na tarde de ontem, na Assembleia da Republica, defende que a deliberação( de 43 páginas e muitos anexos) tornada pública por Rui Baltazar dos Santos Alves, presidente do Conselho Constitucional, foi
«injusta».
Machambisse acredita que o Conselho Constitucional deveria ter tomado posição sobre as irregularidades e ilegalidades detectadas. «O Conselho Constitucional limitou-se a mandar recados a Comissão Nacional de Eleições». Refira-se que a Deliberação do Conselho Constitucional foi extremamente crítica em relação a actuação da CNE, liderada pelo Reverendo Arão Litsure, em todo o processo eleitoral.
Muitas das críticas já tinham sido feitas aquando do processo das eleições autárquicas de 2003.
A dado passo da sua alocução, Francisco Machambisse, denominou o Conselho Constitucional de «um orgão caduco».
Insólitos de uma festa Frelimista
Na tarde de ontem, o edifício da Assembleia da República foi transformado num verdadeiro bastião do partido com sede na Rua Pereira do Lago (Frelimo). Entre militantes e dirigentes, a diferença estava no facto de só os primeiros estarem vestidos a rigor (camisetas e capulanas com foto do candidato e emblema do partido). Os dirigentes estavam dentro dos habituais Giorgi Armani, que muito custam ao povo moçambicano.
Mas insólito mesmo, o facto de Orlando Comé, o chefe do Departamento Informático do STAE, ter festejado efusivamente a validação dos resultados eleitorais pelo Conselho Constitucional. Contas feitas deve ter sido a figura que mais abraços recebeu no pátio da AR.. Porquê, preferimos não comentar.
Mais discreto foi António Carrasco que, entre abraços frelimistas, media a presença ou não de elementos da comunicação social. Mas também, recebeu muitos abraços dos validados vencedores.
Outro insólito: uma senhora vestida a rigor frelimista aproxima-se de um grupo de jornalistas e pede «cinco contos de chapa». Indicaram-lhe os dirigentes do seu partido vencedor e, simplesmente disse, em ronga « não os conheço».
Deve ter sido mobilizada na sua banca , disse um colega jornalista. CM e AC
Comentário
Em suma, provavelmente nem sabe em quem votou. Nos jornalistas que não foi.
De certeza é que não foi.
É o problema habitual em África é que o povo confia mais nos jornalistas do que nos políticos.
Melhor, conhece bem os jornalistas e muito mal os políticos em quem votou.
Também, os políticos vivem em comdomínios e os jornalistas andam nos mesmos chapas do povo.
Afinal, o povo identifica-se com o vizinho e tem medo do último grito da "Mercedes"
Quando nós formos grandes queremos ter uma 4x4.
Para chegarmos ao povo.
CELSO MANGUANA – IMPARCIAL – 21.01.2005