Tínhamos e temos a máxima certeza da razão das nossas reclamações e que o Conselho Constitucional se pronunciaria de forma favorável às nossas justíssimas pretensões de reposição da verdade eleitoral.
Por isso afirmámos a nosso indisponibilidade para a tomada de posse quer na Assembleia da República que no Conselho de Estado.
Os nossos posicionamentos, reiterados pelo Conselho Nacional do partido na sua última reunião decorrida na cidade da Beira, gozavam dessa sustentação. A sustentação da confiança na razão que sabemos nos assiste, nas Instituições Nacionais, e de forma muito especial no Conselho Constitucional.
Os observadores internacionais que acompanharam as eleições gerais de 1 e 2 de Dezembro do ano transacto foram unânimes em referir a ocorrência de graves irregularidades verificadas de forma expressiva no território nacional.
Instituições Internacionais de inquestionável prestígio tais como a União Europeia, a Commonwealth, o Carter Center e a AWEPA foram unânimes nas severas críticas que teceram, derivadas daquilo que observaram no terreno.
O Conselho Constitucional teceu preocupadas críticas à organização das últimas eleições, de forma geral, e à em particular, o que é um claro sinal que a razão nos assiste.
No entanto, algumas falhas institucionais, foram responsáveis pelo facto do Conselho Constitucional ter trabalhado analiticamente no documento do recurso apresentado pela Renamo-UE, durante vários dias, para depois vir a considerar o referido documento inválido por incumprimento dos prazos de entrega.
Esta realidade resultou no facto do Conselho Constitucional não ter tido a oportunidade de se pronunciar sobre o recurso por nós apresentado, sobre o qual, continuamos plenamente confiantes, iria dar a sua maior concordância.
Assim, e de acordo com o respeito que nos merecem as instituições moçambicanas, em particular o Conselho Constitucional, e em nome do Interesse Nacional, consubstanciado na Estabilidade e na Consolidação do Sistema Democrático, assumimos as responsabilidades que nos foram confiadas pelos cidadãos moçambicanos, que, mesmo despojados de grande parte dos seus direitos eleitorais estabelecidos constitucionalmente, confiaram em nós, depositando os seus votos na Renamo-UE e no seu candidato.
Estes votos são aqueles que sobraram, depois de uma larga operação de cosmética levada a cabo sem qualquer respeito pelos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos.
Moçambique, todos os cidadãos moçambicanos, em particular aqueles que votaram em nós e constituem um número muito mais elevado do que aquele que é apresentado como resultado final, merecem que continuemos a trabalhar empenhadamente para que o nosso projecto político de construção de um Estado de Direito verdadeiro e actuante, venha a ser uma realidade para todos nós.
Àqueles que nos queriam empurrar para a situações de marginalidade, é esta a nossa resposta.
Fomos expoliados, nós cidadãos de Moçambique, do direito do cumprimento integral da nossa vontade, mas seremos hoje, como ontem, os grandes guardiões da democracia no nosso país, os legítimos defensores do povo e, por isso, contribuiremos para a construção da grande nação moçambicana através da nossa tomada de posse, quer na Assembleia da República, quer no
* Declaração de Afonso Dhlakama a-propósito do desfecho das eleições gerais em Moçambique.Título da responsabilidade do IMPARCIAL IMPARCIAL - 24.01.2005