O dono, Albéríco Cardoso(na foto), acumulou uma gigantesca dívida junto das entidades tributárias do seu país, Portugal
A Lucidius, empresa do português Albérico Cardoso, que edita as revistas África Hoje, • Gente e Viagens, Portugal-Brasil, o semanário África e outras publicações, fecha a 31 deste mês por penhora dos seus bens.
As finanças portuguesas penhoraram a empresa e todos os seus bens devido à sistemática fuga ao fisco que atinge somas astronómicas. A penhora da Licidius coincidiu com uma prolongada ausência do seu proprietário, que não é visto em público desde há largos meses por razões que alguns dos seus colaboradores atribuem à doença. Oficiosamente diz-se que Albérico Cardoso tem um grave problema na região da coluna.
Durante muito anos a empresa de Albérico Cardoso viveu na ilegalidade e por duas vezes ele foi obrigado, em tribunal, a pagar chorudas indemnizações a dois dos seus ex-colaboradores, Maria Natal Cruz e Elsa Xavier, ambas angolanas.
A decisão das finanças portuguesas surpreendeu e chocou vários empregados de Albérico Cardoso pois só foi a partir dela que tomaram conhecimento que o seu patrão não honrava as suas obrigações fiscais. Quase todos estão atónitos com a nova situação, pois não era suposto que a Licidius se furtasse ao cumprimento das suas obrigações fiscais.
Albérico Cardoso estabeleceu, sobretudo com vários dirigentes e instituições angolanos, relações de estreita amizade que lhe escancaravam as portas a milionários contratos de publicidade. Quase todas as grandes empresas públicas - Sonangol, Endiama, Taag e instituições como o Banco Nacional de Angola - assinavam com as publicações de Albérico Cardoso milionários contratos de publicidade. Isto é, aquilo que negam ou dão a jornais e outras publicações angolanas em números minguados.
Faziam-no no (errado) pressupost de que a revista África Hoje seria um porta-voz fiel da realidade angolana em Portugal, Brasil e outros países de expressão portuguesa. Mas isso nunca passou de um logro. Em Portugal ninguém paga um tostão furado pela revista e no Brasil ninguém a conhece.
A África Hoje só era (mal) conhecida em Luanda onde as suas vendas nunca, entretanto, foram famosas. Por causa das milionárias remessas de dinheiro angolano, Albérico Cardoso foi expandindo o seu império editorial, ao passo que jornais e outras publicações nacionais lutam apenas pela sua sobrevivência diária.
Com os olhos centrados apenas no dinheiro angolano e nos seus próprios bolsos, Albérico Cardoso descurou reiteradamente as obrigações fiscais no seu país até que as coisas chegaram a uma situação insustentável.
Cláudia Cardoso, uma filha do devedor relapso, pretende, agora, juntar alguns cacos para salvar o que ainda é passível disso. Uma vez impedida legalmente de continuar a editar qualquer dos títulos da Licidius, ela pretende criar uma outra publicação, a «Revista Africana», que teria as mesmas características da África Hoje e terá, igualmente, Angola como seu epicentro.
Se o projecto de Cláudia Albérico vingar esperar-se, ao menos, que governantes e instituições angolanos levem as mãos à cabeça e deixem de financiar projectos de um indivíduo que nem sequer é capaz de honrar as obrigações fiscais no seu próprio país.
AngoNotícias – 29.01.2005