Inconformado
Arnaldo Abílio
Acompanhei, recentemente, na maior estação radiofónica do país uma notícia segundo a qual as aulas da Escola Secundária de Pemba, na província de Cabo Delgado, começariam tarde, ou seja, muito depois da data prevista. Motivo: falta de carteiras. Quase na mesma altura, o facto de Eneas Comiche, Presidente do Conselho Municipal da Cidade de Maputo, ter oferecido 300 carteiras a uma escola local mereceu um grande destaque na Imprensa nacional. A falta de carteiras em diferentes estabelecimentos de ensino no país não é de hoje. Mas, a pergunta é: porque é que faltam carteiras, se a terra e os recursos naturais situados no solo e no subsolo são propriedade do Estado? Como explicar que com tanta floresta densa, com muita madeira a ser exportada nãohaja carteiras? Os diferentes departamentos governamentais têm de coordenar, por exemplo, o Ministério da Educação pode fornecer ao Ministério da Agricultura a lista das suas necessidades em mobiliário. E as carteiras podem ser produzidas de diferentes maneiras: na concessão de licenças de exploração de madeira, pode se exigir um certo número de carteiras; pode-se negociar com alguns carpinteiros nos distritos, para produzirem carteiras com alguns benefícios fiscais ou produzirem carteiras em troca de facilidades de crédito.
VERTICAL - 30.01.2005