O director da Moçambique Editora, ligada à portuguesa Porto Editora, Rui Rocha, disse à Agência Lusa que, apesar do ano lectivo ter arrancado a 18 de Janeiro, só a 04 de Março é que a sua empresa poderia entregar os cinco milhões de livros que deve produzir, considerando que a situação resulta do facto do contrato com o Ministério da Educação ter sido rubricado a 04 de Dezembro do ano passado.
"Mesmo assim, por um verdadeiro milagre, a Moçambique Editora conseguiu entregar até dia 15 deste mês cerca de 68 por cento dos livros que deve entregar, apesar de o contrato com o Ministério da Educação conceder três meses para a produção dos livros", sublinhou Rocha.
O director da editora referiu que a "complexidade na produção dos livros, que inclui o concurso, a avaliação das propostas, a aprovação e revisão dos manuais, bem como a impressão dos mesmos em Portugal, no caso das editoras portuguesas, é que está na origem do atraso na distribuição dos manuais".
Rui Rocha apontou ainda a burocracia no transbordo dos manuais no porto sul-africano de Durban, como outra das causas por detrás da demora na entrega dos livros aos alunos, garantido, no entanto, que a sua editora vai disponibilizar os manuais em falta até 19 de Fevereiro próximo.
Por seu turno, o representante em Maputo da portuguesa Texto Editora, Rui Meireles, igualmente envolvida na produção do livro escolar em Moçambique, através da Plural Editores, disse à Lusa que só em finais de Fevereiro é que a sua empresa vai entregar os cerca de dois milhões de livros acordados com o Ministério da Educação, também devido ao atraso na assinatura dos contratos de produção dos manuais.
"É impossível entregar os livros antes de finais de Fevereiro, pois o Ministério da Educação aprovou os nossos manuais a 22 de Dezembro e assinou o contrato na primeira quinzena deste mês, portanto, há um atraso que nos é completamente alheio", frisou Meireles.
Para além destas duas editoras, também as subsidiárias sul- africanas da Longman e Macmillan ganharam concursos para a produção de livros escolares gratuitos, encontrando-se igualmente atrasada a sua distribuição.
Num comunicado hoje divulgado em Maputo, o Ministério da Educação de Moçambique manifesta "grande preocupação com o atraso do livro escolar" e imputa este facto à "complexidade do processo" de produção e distribuição dos manuais escolares.
"O Ministério da Educação continuará a envidar esforços para que, em coordenação com as empresas envolvidas, o livro esteja nas mãos dos alunos com a brevidade possível", sublinha a mesma nota de imprensa, na qual garante ter tomada medidas administrativo- pedagógicas, para assegurar o curso normal das aulas.
Dados oficiais registam a existência de cerca de quatro milhões de alunos na primeira classe, estimando-se que as restantes classes do ensino primário do primeiro e segundo grau comportem igual número de estudantes.
Face à falta de manuais, nas ruas das principais cidades do país surgiu já o negócio de venda de livros escolares de anos anteriores, que foram produzidos para distribuição gratuita.