Leonardo Junior
Moçambique entra, este ano, no seu 30º ano de independência. E aos 30 anos, o país assiste a uma transição histórica de poder. Pela primeira vez, um Presidente passa, em vida, poder a outro, eleito democraticamente. Armando Emílio Guebuza sucede, na sequência da vitória eleitoral de 1 e 2 de Dezembro, a Joaquim Alberto Chissano.
Dos 30 anos de independência, o país viveu 16 em guerras. Guerras movidas do exterior, como o forma as agressões da Rodésia de Ian Smith e da África do Sul do Apartheid, e mais uma interna, também alimentada do exterior.
Moçambique entra no 30º ano de independência com confiança, depois de ter vivido as terceiras eleições democráticas. As eleições foram ganhas pela Frelimo e pelo seu candidato presidencial, Armando Guebuza. A Renamo, maior partido da oposição, e o seu candidato presidencial, Afonso Dhlakama, saíram derrotados. Uma vez mais, Dhlakama e o seu partido queixam-se de fraude eleitoral. Antes de procurar perspectivar o que será Moçambique liderado por Guebuza importa analisar as razões da derrota da Renamo.
O jornalista brasileiro, Juarez da Maia, fez bem o diagnóstico da derrota da Renamo. Mais do que nunca, à vitória da Frelimo e do seu candidato presidencial, juntou-se a derrota, clara, da Renamo e, sobretudo, de Afonso Dhlakama. Foi a “estratégia da derrota”, sublinhou Juarez da Maia, que contribuiu grandemente para a vitória da Frelimo e de Guebuza. “Ao repetir, pela terceira vez, o discurso da fraude ainda antes do início do processo eleitoral, a Renamo e Dhlakama transmitiram uma mensagem clara ao eleitorado: a Frelimo ia ganhar de qualquer maneira, com ou sem fraude”, explicou o jornalista brasileiro. Mas o que disse o brasileiro já o cidadão comum dizia por outras palavras, do género: “estamos fartos de alguém que promete fazer isto e aquilo em três meses e sem dizer como” ou simplesmente que “ainda não há alternativa à Frelimo”.
O povo moçambicano começa a questionar Afonso Dhlakama. O líder da Renamo, diz-se, vive à custa do Estado e nunca mostrou serviço. Sempre convencido de que irá ganhar as eleições seguintes, nunca se deu ao trabalho e se candidatar nas legislativas. Durante a legislatura, que dura cinco anos, Dhlakama fica em casa, quando se esperava que fosse ao Parlamento debater os problemas do país, como compete a um líder da oposição.
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