Máximo Dias, um dos deputados da Assembleia da República eleito pelo círculo eleitoral da província da Zambézia pela coligação Renamo-União Eleitoral garantiu que não haverá crises de relacionamento com o partido "mãe" (a Renamo) com o arranque da nova legislatura que, ontem, entrou em funcionamento na capital moçambicana, Maputo. Respondendo a uma questão colocado pelo IMPARCIAL, a margem da cerimónia de investidura dos 250 deputados que compõem o actual parlamento moçambicano, Dias afirmou que o comportamento da coligação na bancada será normal. «Estamos coligados. Vamos trabalhar coligadamente, não pode haver uma terceira bancada. Por lei são precisos 11 deputados. Não há terceira bancada. Nunca apoiaria uma decisão destas que fosse ilegal», disse o deputados Máximo dias, falando a um grupo de jornalistas que cobria a cerimónia de investidura dos deputados da AR. Aquele parlamentar, que renovou o seu mandato como deputado da AR, reafirmou que a coligação Renamo-União Eleitoral vai trabalhar em conjunto e que não existe nenhuma ideia de cada um dos partidos coligados trabalhar a reboque de outro. «Aqui não há reboque de nada. Estamos coligados e vamos trabalhar em conjunto. É esse pelo menos o meu propósito. Não penso em marginalizar-me, mas se for marginalizado, também posso trabalhar, posso apresentar projectos de lei, não tem problema nenhum, mesmo que não possa falar. A chefe de bancada disse que vamos trabalhar em conjunto», frisou Máximo Dias, que é também advogado de profissão. A democracia deve ser consolidada Ainda durante o intervalo que ontem marcou a abertura da Primeira Sessão da VI Legislatura da Assembleia da República, ouvimos a nova chefe de bancada parlamentar da Renamo-União Eleitoral. Maria Moreno, filha de um influente empresário no Município de Cuamba na província do Niassa, disse em poucas palavras que bancada que dirige vai lutar atingir as metas traçadas até ao fim da presente legislatura. «Quero lembrar que desde que houve eleições multipartidárias em Moçambique, a Renamo nunca foi Governo, mas não vamos negar o papel importante que a Renamo tem tido nas alterações da sociedade moçambicana. Nós achamos que há direitos fundamentais consagrados (na Constituição da República) que os legítimos moçambicanos ainda não usufruem, então nós temos que bater por isso, da mesma forma como conseguimos algumas alterações para a melhoria da vida dos moçambicanos, vamos a continuar a nos bater por isso, independentemente, do número de assentos que temos na Assembleia. Poderíamos ser 10, ou 50 ou a maioria, isto está fora de questão, o que importa é o que o objectivo da democracia seja atingido, que as pessoas vivam o seus direitos, isso animou-nos desde as matas e vai nos animar se calhar até o ano 3000», afirmou a chefe da bancada parlamentar da "perdiz" na AR. Questionamos, igualmente, a Maria Moreno, a bicuda situação da disciplina interna no seio da bancada que vai dirigir tendo em conta os focos de insubordinação que se vão levantando com a aparente crise que reina na coligação dirigida por Afonso Dhlakama. Moreno disse ter conhecimento de alguns deputados que carregam consigo «vícios do passado» mas que seriam corrigidos a tempo. Garantiu, igualmente, que não haverá problemas de relacionamento com os partidos coligados à Renamo, considerando que «somos todos partidos da mesma bancada. Vão ter o mesmo tratamento. Não há motivo para hostlizá-los, separa-los ou descrimina-los, todos são úteis» Frelimo optimista Entretanto, a bancada maioritária na Assembleia da República manifestou-se optimista quanto ao desempenho da presente legislatura que entro em funcionamento ontem. Feleciano Mata, porta-voz da bancada do partido no poder na AR, afirmou num contacto com o nosso jornal, que espera que a presente legislatura «dignifique o voto popular contribuindo para a solução dos grandes problemas que preocupam os moçambicanos, legislando em torno das grandes questões da vida nacional e creio que vai ser uma legislatura que crescerá, qualitativamente tendo em conta que a qualidade dos deputados se elevou» referiu Mata, que teve o cuidado de acrescentar que a Frelimo não tem um «varinha mágica para a solução dos problemas. Procuramos ser uma parte positiva em termos de apoio de toda a acção governativa, dando opiniões e fiscalizando com mais responsabilidade por forma que as correcções necessárias a introduzir no processo de implementação do programa do governo sejam realizadas em devido tempo». JOSÉ CHITULA -IMPARCIAL - 01.02.2005