EDITORIAL
A continuar do jeito que as “coisas” se afiguram, receamos que o país seja mergulhado para uma situação de duas presidências da República. O ainda Presidente da República, Joaquim Chissano, tem insistido que vai apoiar o seu sucessor, Armando Guebuza, na governação do país, ao mesmo tempo que chama a si muito protagonismo. Durante os cerca de 19 anos que esteve no poder Chissano governou o país sozinho, conquistou muita aceitação sobretudo ao nível da comunidade internacional, mas, supomos, não se lembrou de instituir em Moçambique um Conselho do Estado.
Entre os componentes do Conselho do Estado, o próprio Presidente Joaquim Chissano detém maior ex-pressão, e deverá contar com a colaboração de Afonso Dhlakama, líder do principal partido da oposição moçambicana. Aliás, Joaquim Chissano ainda não mostrou publicamente a sua vontade contrária de continuar na liderança do partido Frelimo, no poder desde da independência do país, em 1975. Mas, por inerências Armando Guebuza terá de cessar de Secretário Geral do partido. Para se evitar a situação que receamos, que até pode vir a ser de choque entre as partes, é natural, sugerimos que seja o próprio Guebuza a insistir na necessidade de apoio de Chissano, e não o contrário. Evitar protagonismo.
O AUTARCA - 24.01.2005