Os nove partidos da oposição moçambicana coligados com a RENAMO exigiram hoje a "partilha equilibrada" dos 90 assentos conquistados por esta formação no Parlamento, acusando-a de não respeitar os acordos pré-eleitorais.
O presidente do Movimento Nacional de Moçambique (MONAMO), Máximo Dias, disse à Agência Lusa que nove pequenos partidos que integram a RENAMO-União Eleitoral (RUE) apelaram à formação política de Afonso Dhlakama para o cumprimento "integral" dos acordos da coligação.
Em carta à RENAMO, as nove formações, algumas das quais com assento parlamentar, exigem nomear elementos para o Conselho de Estado e para a comissão permanente da Assembleia da República.
Os elementos minoritários na RUE pretendem ainda que o partido de Afonso Dhlakama respeite o acordo da coligação que prevê a integração no parlamento de dois deputados de cada um dos nove partidos.
No entanto, a RENAMO anunciou recentemente que vai ceder apenas um lugar de deputado a seis partidos, dos nove que integravam a coligação, com o pretexto de a lista de candidatos a deputados ter sido mal feita.
"Há uma exclusão dos seis membros da bancada da RUE", denunciou Máximo Dias, referindo-se ao afastamento de três dos partidos.
O dirigente do MONAMO acrescentou que nenhum dos deputados dos pequenos partidos será indicado pela RENAMO para fazer parte da comissão permanente do parlamento, que integra 25 elementos, dos quais seis são escolhidos pela oposição. "Exigimos que a RENAMO respeite o que está assente no acordo da coligação. Também queremos ser consultados para a nomeação de candidatos à chefia da bancada, porque não podemos ter alguém como chefe quando a sua filosofia de trabalho é totalmente diferente da nossa maneira de pensar", defendeu Dias.
Máximo Dias é um dos seis deputados escolhidos pela RENAMO para ocupar os 90 assentos conquistados pela RUE no parlamento, onde a FRELIMO alcançou 160 lugares ao vencer as eleições gerais de 01 e 02 de Dezembro último.
O deputado anunciou que mesmo que a decisão da RENAMO se altere favoravelmente ao seu partido, o MONAMO, irá abandonar a coligação, devido a "diferença de princípios".
"A coligação com a RENAMO não vai continuar para além deste mandato, porque os objectivos políticos estão fora de alcance da RUE", sublinhou.
Reagindo a esta posição, o porta-voz da RENAMO, Fernando Mazanga, desmentiu a existência de um acordo de partilha de lugares na comissão permanente do parlamento, acusando os autores da carta de "agirem de forma emotiva".
"O acordo defende apenas que devem ser colocados pelo menos dois deputados elegíveis e isso foi cumprido na íntegra, só que tivemos o azar de sermos roubados. Perdemos lugares no parlamento, pois temos muitos quadros da RENAMO que ficaram de fora, como é o meu caso. Se eles pensam assim, então estão a agir de forma emotiva", defendeu Mazanga, em declarações à Lusa.
27-01-2005 12:53:50(Fonte : Agência LUSA)