TRIBUNA EXTRA
Coluna de João CRAVEIRINHA
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… “Enquanto o Mundo se preocupa com a Hecatombe no afro-asiático Oceano Indiano, ou Índico para os Portugueses, a nossa Oposição Moçambicana não se conforma com o escrutínio eleitoral sancionado, quase desejando que aconteça outra desgraça mas em Moçambique e de crise e de instabilidade permanente. E no Norte em Nampula, ferindo como balas, circulam boatos de movimentações de grupos armados na costa em Memba – Mazua e no interior em Mecubúri, Ribaué, Lalaua e Malema”… (João Craveirinha, 06.01.05)
Mas recuemos no tempo. Ano 1968, Nachingueia, Tanzânia. O Professor Dr. Eduardo MONDLANE enfatiza numa reunião, com Quadros da Frente de Libertação de Moçambique, dois temas principais: Um IDIOMA NACIONAL africano para todo o Moçambique e a MUDANÇA da CAPITAL após a INDEPENDÊNCIA. (Oportunamente abordaremos a questão da necessidade urgente de UMA Língua Oficial Nacional baNto em Moçambique, como factor de Identidade Africana.
Aspecto linguístico – cultural sem esquecer as línguas regionais na dinamização local de onde são historicamente originárias. O idioma ÊMHAKÚÁ padrão de Nampula/ uaMpulah para Língua Oficial, seria a proposta sugerida pelo líder da Frente de Libertação, diplomata da ONU e antropólogo, Eduardo MONDLANE -, pronúncia aproximada “MOND. LHANE”). Nesta crónica, no entanto, a questão da mudança da Capital surge de novo a propósito do TSUNAMI. Ora analisemos: Se as chuvas torrenciais que inundam as nossas cidades e vilas costeiras provocam cheias cada vez mais catastróficas (sarjetas e esgotos entupidos de lixo), o que será com um CICLONE (estamos na zona), ou pior, com um TSUNAMI? Seriam varridas do Mapa de Moçambique, engolidas pela fúria das marés e lodo cobrindo a parte baixa da Cidade Capital, Maputo, a começar pelo novo Ministério dos Negócios Estrangeiros, a marginal (Miramar), bairro Triunfo. Mais para cima Inhambane, Machanga, Nova Sofala, Beira – (Aruângua ku sena) da Ponta Gêa, Chiveve, inundando para os bairros. No Rio Zambeze o Chinde. Quelimane, Angoche, Muhipiti (Ilha), Nacala e Pemba até Quionga no Rovuma. Não esquecendo as inúmeras povoações costeiras e outras ilhas. Talvez a ajuda viesse tardia por Moçambique não estar no roteiro do turismo paradisíaco do mundo ocidental e pelas suspeições de corrupções no desvio dos donativos, quem sabe? Este texto não pretende ser alarmista escatológico do Fim do Mundo nos últimos dias de uma hecatombe anunciada. Pretende ser um ponto de reflexão tendo em conta que o colonialismo Português, sensivelmente há 200 anos, por uma questão de segurança militar, foi edificando as suas povoações costeiras em PANTÂNOS Ligados ao MAR (acesso rápido aos navios) porque os naturais africanos desprezavam esses locais doentios para a saúde. Tais foram os casos de Lourenço Marques na baixa (Maputo) em terras dos Mpfumos. Mas os portugueses mandaram plantar eucaliptos para drenar as águas subterrâneas além do aterro com areias das barreiras. Inhambane nas terras dos Nhambes é outro exemplo menor. Aruângua (Beira) na terra dos Senas. Quelimane na terra dos Tchuabos. António Enes (Angoche) na terra dos mestiços Kôtís (mouros), ramo macua miscigenado com árabe. Fernão Veloso (Nacala-a-Velha). Porto Amélia (Pemba) na parte baixa. Dentro deste quadro, o problema se agrava ano após ano com o crescimento populacional descontrolado nesses centros costeiros como se regredissem para um passado colonial nos seus inícios, sem condições sanitárias e de saneamento básico e de falta de segurança mínima baseada numa prevenção ambiental minimizando as inevitáveis calamidades naturais. É aqui que nos lembramos da preocupação do DR Eduardo Mondlane (Mondlhane) na sugestão da mudança da Capital de Moçambique para a ex-Vila Junqueiro – GURUÉ…” de bom clima fresco e espaço para crescer saudavelmente numa Zambézia mais ao Centro do País”…segundo o saudoso Pai da Unidade Moçambicana.
Aproveitando este balanço (ritmo) poderia citar pessoas que eventualmente nos contariam paradigmaticamente como era a vida social na Vila Junqueiro colonial. Ao acaso surge-nos o nome de um filho Zambeziano do Gurué. Trata-se do Engº Carlos Mesquita actualmente ligado aos Portos e Caminhos-de-ferro da Beira e honorariamente à Holanda. Só para citar um caso a despropósito.
Contudo, nos parece que já chegou a hora de se estudar a mudança da Capital de Moçambique de Maputo no Sul para a Zambézia e longe da Costa Marítima e do Rio Zambeze. Tremor de Terra no fundo do Mar vulgo Maremoto e Cheias é muita desgraça junta para Pobre. Nova Capital lá para os verdes Montes Namúli do GURUÉ do Chá ou em MORRUMBALA quase no Centro Geográfico de Moçambique –, o SONHO de Eduardo Mondlane (Mondlhane) continua válido e à espera!
CORREIO DA MANHÃ (Maputo) – 10.01.2005