RECONHECIMENTO DOS RESULTADOS DO PLEITO OU DRIBLE À RENAMO
- Esta posição contrasta com a antes defendida por esta
Laurindos Macuácua
(Maputo) A União Eleitoral, um grupo de dez partidos da oposição aliados à RENAMO, vai tomar posse, independentemente de o maior partido da oposição o permitir.
Este posicionamento foi tomado sexta-feira passada, durante um debate público, a propósito da notícia veiculada por alguns órgãos de informação segundo a qual, contrariamente ao plano por eles traçado de não tomar posse na próxima legislatura, o fariam.
Aquando do anúncio dos resultados eleitorais, pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), a RENAMO-União Eleitoral (RUE) e todos os partidos políticos extraparlamentares decidiram impugnar o sufrágio, alegadamente, porque “houve fraude protagonizada pela FRELIMO”, no poder desde 1975, ano em que Moçambique ascendeu à Independência.
Aliás, é devido a este motivo, já que os resultados deram vitória a Armando Guebuza e ao seu partido, que a RUE decidiu não deixar os seus deputados, eleitos para a próxima legislatura, tomarem posse e Afonso Dhlakama, outrossim, não faria parte do Conselho de Estado, cargo que lhe é conferido à luz da nova Lei-mãe por ser o segundo candidato mais votado.
Dados da CNE indicam que, dos duzentos e cinquenta assentos parlamentares, a RUE arrecadou noventa dos quais sete são da União Eleitoral.
Os partidos que formam esta coligação são o ALIMO, FAP, PUN, UDF, MONAMO e PRD, filiados à RUE e que conseguiram eleger alguns deputados nesta votação que, portanto, reivindicam a sua tomada de posse.
Estes partidos admitiram não haver nenhuma incompatibilidade na sua tomada de posse, porque mesmo a RENAMO, apesar de dizer que houve irregularidades neste processo eleitoral, reconheceu “não terem influenciado nos resultados das eleições”.
“VAMOS TOMAR POSSE”
A União Eleitoral voltou a reiterar que, independentemente da decisão que a RENAMO possa ter, vai tomar posse, porque “nos é de direito segundo o consagrado na Lei”.
Quanto ao plano primordial de o não fazerem as nossas fontes indicaram que tal decisão nasce da concertação havida entre elas na qual não viram nenhuma irrazoabilidade da tomada de posse. Pelo que “vamos respeitar os princípios da Lei e não a vontade de determinadas pessoas”.
“RECONHECEMOS OS RESULTADOS DAS ELEIÇÕES”
Por outro lado, a União Eleitoral disse reconhecer a vitória de Guebuza e da FRELIMO, porque “as eleições foram justas e livres”. Se assim não for, diz ela, os queixosos devem apresentar provas convincentes da alegada fraude.
Todavia, para além de reconhecer o futuro Governo, a União Eleitoral garantiu que vai estar a trabalhar “logo no primeiro dia da sessão da Assembleia da República”.
Contudo, fontes da RUE disseram não ser oportuno abordar este assunto, porque “é sensível e carece de um estudo”. Mas “vamos dar o nosso parecer brevemente”.
DIÁRIO DE NOTÍCIAS(Maputo) – 03.01.2005