EDITORIAL “No ofício da verdade, é proibido pôr algemas nas palavras” - In Carlos Cardoso, no livro Directo ao Assunto É, a todos os títulos, vergonhoso, o que foi dado a assistir aos moçambicanos, sábado passado, aquando da chegada do foragido mais conhecido de Moçambique, Aníbal António dos Santos Júnior, vulgo Anibalzinho. As forças policiais e da segurança poderiam ter feito um esforço para não envergonhar ainda mais o nome de Moçambique, pelo espectáculo que acabaram por produzir, investindo a sua carga, contra pessoas que tinham apenas por “arma” as suas canetas e as suas câmaras. Todos sabemos como o fundador do jornal “Metical”, Carlos Cardoso foi assassinado e as razões disso. Por ele ter, não só dito, como feito das palavras actos, de “no ofício da verdade, ser proibido pôr algemas nas palavras”. Pois foi exactamente isto, que a Polícia, o SISE e o Ministério do Interior acabaram por fazer, ao tentar pôr algemas nos profissionais da comunicação social, ao tentar impedir que dessem a conhecer à opinião pública que Anibalzinho tinha, na “verdade” sido deportado do Canadá, e que estava, na “verdade”, em solo moçambicano, para dizer toda a “verdade”, a respeito do assassinato de Carlos Cardoso, e sobre eventuais outras pessoas implicadas neste homicídio mediático. O que se pretendiam esconder? Qual a razão para se fintar a Imprensa, daquele modo? Dar tempo para que seja feita uma lavagem ao cérebro de Anibalzinho? Para que ele mude a versão dos verdadeiros factos? Para que o País e o mundo continuassem a supor que ele ainda se encontrava no Canadá? Ou será porque, como o deixaram “fugir” por duas vezes, havia agora que mostrar algum “serviço”? Valeu a determinação, uma vez mais, da Imprensa moçambicana, que demonstrou estar à altura de profissionais de qualquer país do chamado primeiro mundo. Graças a isso, não obstante toda a carga bruta investida contra si, a Imprensa Nacional deu a conhecer que Anibalzinho poderá – se o deixarem – dizer toda a verdade, sobre o que aconteceu acerca do assassinato de Carlos Cardoso e sobre as suas misteriosas “fugas”. VERTICAL - 24.01.2005