Com pompa e circunstância foi inaugurada a Escola Secundária Joaquim Alberto Chissano, construída com o apoio do Governo chinês no passado dia 18 de Janeiro de 2004 no bairro de Albasine, Distrito Municipal 4, arredores da cidade de Maputo. Lá esteve o então ministro da Educação, Alcido Nguenha e seu colaboradores directos e outros quadros superiores do Ministério da Defesa. Sabe-se que a escola está sob tutela do MINED. Em princípio, as aulas deveriam ter arrancado no dia seguinte à inauguração.
Mas passados cerca de 20 dias, as mesmas ainda não arrancaram.
Razões? Faltam cerca 700 carteiras e numa escola daquelas os alunos não podem estudar sentados no chaõ! Só que no acto da inauguração a escola tinha carteiras. Aonde foram?
Fontes do "vt" dizem que as carteiras haviam sido emprestadas na Escola Secundária de Magoanine para colorir a cerimónia de abertura do ano lectivo de 2005 que teve lugar naquele futuro estabelecimento de ensino.
Ontem o repórter do "vt" esteve no local e "in loco" viveu o estado de abandono aparente em que a escola se encontra; ou seja, capim à meia altura das paredes, corredores com lamas e casas de banho sujas.
Passadas três semanas após o arranque do ano lectivo de 2005 e, naquela escola ainda não terem iniciado as aulas, a desordem é de tal ordem que os motivos desse atraso não cabem na mente de muitos pais e encarregados de educação que vê os seus educandos a chutarem latas todos os dias.
Teles Sabão, Director da Escola em contacto com o "vt" disse que a razão do atraso está relacionado com a falta de carteiras, " devíamos ter recebido o mobiliário no dia 30 de Janeiro findo mas devido ao processo de Investidura do novo Chefe de Estado não foi possivel", sem entretanto adiantar o que a investidura tinha a ver com a chegada desse mobiliário para os alunos estudarem e, recordar que uma das políticas do novo Chefe de Estado, Armando Emílio Guebuza para combater a pobreza absoluta em Moçambique é a educação.
Sabão explicou-nos que para além de Joaquim Alberto Chissano, "quatro escolas vão receber material este ano, nomeadamente: Escola Secundária da Matola, Escola Secundária de Zona Verde, Escola Secundária de Magoanine", entretanto, "o veículo para transportar todo esse matérial é único e não pode fazer tudo ao mesmo tempo, daí que começou por distribuir nas três escolas", faltando a Joaquim Alberto Chissano.
Aquando da sua inauguração, todas as salas de aulas tinham carteiras suficientes e só faltava o equipamento informático, o qual segundo Sabão, "chegaria àquela escola dois dias depois, admirando-se muitos residentes e alunos que tal material tenha sumido de noite para dia e tenha comprometido o início das aulas naquela unidade escolar.
Sobre este facto, Sabão confessou ao "vt" que "aquelas carteiras pertenciam à Escola Secundária de Magoanine, esta veio buscar pois já havia chegado o tempo de usá-las ", mas negou que a escola tinha pedido por empréstimo para colorir a inauguração da mesma: "não sei nada. Tudo foi tratado com o Ministério de Educação (MINED)" e não revelou as razões pelas quais se terá tomado essa decisão, advogando que "eu não sabia que aquelas carteiras não eram nossas".
Mais, Teles defendeu que "a escola não podia permanecer com aquelas carteiras em virtude das que vem pudessem ser desviadas para Magoanine, prejudicando a Joaquim Alberto Chissano, uma vez que as encomendadas, "são mais luxuosas e individuais".
Para além de carteiras em falta, a escola Secundária Joaquim Chissano não tem quase nada em termos de mobiliário. O "vt" visitou o gabinete do director e nada mais viu senão quatro cadeiras plásticas e uma mesinha de madeira, tudo emprestado em três escolas primárias locais e documentos armazenados pelo soalho por falta de prateleiras.
A falta de carteiras pôem em risco a carreira académica dos cerca de 700 estudantes dos dois turnos da Escola Secundária Joaquim Chissano. Porém, o director Sabão adiantou-nos que "as aulas vão iniciar logo que recebermos as
carteiras", não sabendo quando é que os alunos poderão inaugurar a escola em
termos de aprendizagem, a não ser que nos próximos dias, um "Messias" chegue
para que a situação seja revista.
(Almeida OLiveira) - VERTICAL - 09.02.2005