O INTERESSADO SERIA O FIRST NATIONAL BANK
O Banco Comercial Português (hoje integrado na rede Millennium, juntamente com o Atlântico, a NovaRede e o Sotto Mayor), líder do consórcio que fundou o Banco Internacional de Moçambiqu
em 1995, está a ultimar os preparativos para alienar uma parte maioritária do capital social do principal banco moçambicano. Informações preliminares indiciam ser a entidade compradora o First National Bank of South Africa (FNB), instituição fundada em 1838 na cidade universitária de Grahamstown (Port Elizabeth) e é a mais antiga instituição bancária da África do Sul.
Quer o BCP, o FNB, o BIM ou as entidades reguladoras não se pronunciaram ainda publicamente
ainda sobre a transacção, cujos detalhes se desconhecem, mas que se deverá consumar ainda durante este ano.
Retirada de tugas
Ao que consta, decorrem já, entretanto, os preparativos para a retirada do contingente de funcionários do banco português da empresa moçambicana e a preparação da complexa passagem do testemunho ao novo accionista. O BIM vai ainda alienar a sua presença do Novobanco, que passará para as mãos dos accionistas remanescentes.
Não se obtiveram dados quanto ao que sucederá a Seguradora Internacional de Moçambique (SIM) e a IMPAR, mas presume- se que serão igualmente alienadas.
A concretizar-se, esta transacção colocará efectivamente uma maioria decisiva da banca moçambicana na esfera directa do sistema financeiro sul-afri cano, hoje dirigido pelos “commrades” do Congresso Nacional Africano (ANC) e um valente golpe para a “componente portuguesa” nesta área em Moçambique.
De facto, a quota de mercado combinada do BIM, do Banco Austral e do Standard Bank excederá os setenta porcento dos activos presentes no sistema financeiro nacional, minando, segundo alguns analistas competentes abordados pelo Correio da manhã, a concorrência que é hoje marca neste sector em Moçambique.
De entre os quatro grandes bancos sul-africanos, exceptuando o Nedbank, que se tem debatido com problemas de vária ordem, só o FNB tinha capacidade e dimensão para esta entrada e não tinha ainda uma presença em Moçambique.
O ABSA, que foi alvo de uma pré-proposta de aquisição pelo Barclays britânico, detém o Austral e o
Standard Bank adquiriu recentemente a quota detida pelo Banco Totta & Açores no antigo BSTM.
Velha intenção
Era já conhecida em vários círculos a intenção de o BCP sair de Moçambique, cujos fundamentos já foram anteriormente veiculados. O relativo baixo custo de entrada dos portugueses, aliado aos excelentes resultados recentes da banca sul-africana e ainda o câmbio muito favorável entre o Metical, o Dólar, o Rand e o Euro, decerto contribuíram para “adocicar” o apetite pelo negócio para as partes envolvidas.
Com cerca de 191 mil milhões de randes em depósitos em Dezembro de 2004, o Grupo First Rand Bank Limited, detentor do FNB, é o mais velho banco a operar na República da África do Sul.
Até 1986 era uma divisão do britânico Barclays Bank, que vendeu nesse ano a maioria do capital a entidades sul-africanas para escapar às críticas e sanções associadas ao apartheid. Até 1974, o
então Barclays Bank tinha uma pequena operação em Moçambique, curiosamente situada em Maputo entre a Praça 25 de Junho e a sede do jornal Notícias, num edifício herdado via BCM, onde hoje operam vários serviços do Banco Internacional de Moçambique, incluindo o seu balcão “Timor-Leste” (em temos muito conhecido por “invisíveis”, por ser onde eram atendidos titulares de contas em moeda estrangeira).
A concretizar-se esta operação, a principal presença de capitais portugueses em Moçambique passará a ser o BCI/Fomento, uma parceria entre a Caixa Geral de Depósitos e um consórcio moçambicano, liderada por Magid Osman. Por sua vez, a Caixa Geral de Depósitos detém o capital do banco sul-africano Mercantile Lisbon Bank, sedeado em Sandton, recentemente saído de um complicado e dispendioso processo de recuperação.
Reacção oficial
Francisco Neves, responsável pelo sector de comunicação e imagem do banco pioneiro na disponibilização de meios de pagamento automático, como os cartões, tendo lançado a primeira rede de ATM’s e POS’s em Moçambique disse em contacto com esta newsletter electrónica desconhecer “completamente” dessa operação e declinou entrar em mais detalhes.
O Cm continuará atento ao evoluir dos acontecimentos.
(Redacção)
CORREIO DA MANHÃ(Maputo) – 28.02.2005