Sete membros da autoridade tradicional no distrito de Maríngué, a Norte da província central de Sofala, acabam de ser afastados das suas funções, alegadamente por decisão do partido no poder em retaliação a sua participação na campanha eleitoral da Renamo. Mas as autoridades administrativas locais já reagiram a denúncia de um membro da Renamo, esclarecendo que compete ao Régulo admitir e demitir os seus colaboradores.
Trata-se de Fumos e Sapandas. O afastamento deu-se entre Dezembro e Janeiro últimos, por sinal pouco tempo depois da realização das terceiras eleições nacionais, que deram vitória esmagadora a Frelimo e ao seu candidato presidencial Armando Emílio Guebuza.
Agostinho Ussore, assessor do líder da Renamo e deputado da Assembleia da República pela bancada minoritária da “perdiz”, é quem denuncia que o afastamento daquelas autoridades resulta de uma orientação do partido no poder, a Frelimo.
Ussore esteve recentemente em Maríngué e afirmou à imprensa na Beira ter sido informado pelos visados que a sua destituição é uma retaliação da Frelimo por terem apoiado a campanha eleitoral da Renamo.
No encontro que manteve com jornalistas na capital provincial de Sofala, o membro sénior da Renamo referiu ainda que elementos do seu partido em Maríngué tem sido excluídos dos benefícios sociais providenciados pelo Governo, elucidando que a situação é pior no posto ad-ministrativo de Canxixe onde até são vedados ao acesso à única fonte local de abastecimento de água potável.
No entanto, a Frelimo, ou melhor, o Administrador distrital de Maríngué, Agostinho Matique, esclareceu que compete ao Régulo admitir e demitir os seus colaboradores, isentando o seu partido de qualquer responsabilidade quanto a demissão das aludidas autoridades tradicionais.
“O Governo apenas tem responsabilidades sobre o Régulo, as quais limitam-se ao seu reconhecimento e legitimação” – afirmou.
Negou, também, a existência em Maríngué de grupos de cidadãos que são excluídos dos benefícios sociais providenciados pelo Governo, independentemente da sua ideologia política.
O distrito de Maríngué é considerado bastião da Renamo. É lá onde funcionou o quartel general da Renamo durante o último conflito armado. Pior é que a Renamo mantém no mesmo distrito um número considerável de homens armados sem qualquer tipo de enquadramento so-cial.
O AUTARCA – 25.02.2005