HÁ OCORRÊNCIA DE BOLSAS DE AREIAS PESADAS E É ZONA RECLAMADA PELOS NETOS DO DJIDJIDJI
FILIMÃO SAVECA
Tudo indica que a zona onde deverá ser erguida a mansão presidencial para acolher os antigos chefes do Estado moçambicano reformados está prenhe de conflitos diversos alguns dos quais duram há já cerca de cinco anos e a exigir a intervenção de estruturas de Justiça devido à sua amplitude e cuidados a ter na sua resolução.
De fontes competentes, o Correio da manhã soube que na Praia dos Amores há a ocorrência de bolsas de areias pesadas, cuja exploração (informal) vinha sendo desenvolvida desde antes da Independência Nacional e abandonada pouco depois do 25 de Junho de 1975 com o alastramento, até ao Sul de Moçambique, do último conflito armado levado a cabo pelos antigos guerrilheiros da RENAMO contra o exército governamental da FRELIMO.
A tal ocorrência foi-nos confirmada, esta segunda-feira, pelo director nacional de Geografia, instituição adstrita ao Ministério dos Recursos Minerais, Elias Daúdi, que, no entanto, disse serem bolsas “não da dimensão das areias pesadas de Moma, em Nampula, e Chibuto, na província de Gaza”.
A uma pergunta se o seu sector foi contactado pela comissão que dirige o processo de evacuação
da zona para as obras do Palácio Presidencial, na Catembe, e se o mesmo sector objectava a concretização daquele projecto orçado em cerca de 50 milhões de contos, Daúdi disse-nos que não,
quanto à primeira questão, e sobre a segunda apontou que a posição a ser tomada teria que ser precedida de um levantamento exaustivo visando a determinação da quantidade do minério lá existente e consultas à literatura sobre a região.
Outro conflito latente
Enquanto isso, netos directos do Djidjidji, antigo régulo da zona, afirmam estar agastados com a administração do distrito municipal da Catembe, doutro lado da Baia de Maputo, por lhes recusar a devolução do espaço “ou atribuição de uma outra zona para nos instalarmos”, segundo Arlete Tembe, sexta filha do primogénito daquele régulo, de nome Carlos José Tembe, também já falecido.
Após o indeferimento do pedido, o caso subiu para o gabinete do Presidente do Concelho Municipal de Maputo onde “até ao momento se encontra passam já cinco anos”, segundo a fonte, ajuntando que, caso o edil não o despache favoravelmente, o mesmo irá subir até instâncias judiciais, “não porque queremos aquela área, mas, sim, uma outra, uma vez que aquela já está ocupada pelo novo projecto da casa presidencial”.
“Mas deve-se saber que para nós aquela área é sagrada e faz parte da história de Moçambique”, observou Arlete Tembe, referindo, em seguida, que, anualmente, a família real da Suazilândia tem-se deslocado à Praia dos Amores para fazer preces tradicionais e recolha de determinada quantidade de água para cerimónias tradicionais da família Dlamini* que tem vínculos familiares com o antigo régulo Djidjidji.
CORREIO DA MANHÃ(Maputo) – 22.02.2005
* Dlamini, Absalom Themba - 1º Ministro da Suazilândia