Realeza versus realismo
No vizinho Reino da Suazilândia há duas realidades bastante distintas: uma, a Realeza, esbanjadora e faustosa; outra, o realismo, do viver à míngua, da SIDA e da seca. É a “vida real” contra o país real.
O Rei da Suazilândia, Mswati III, de 36 anos, voltou a fazer das suas: enquanto a população do pequeno reino depende da ajuda internacional, sua afeição ao luxo volta a ser notícia. Desta vez, o monarca recebeu amplas críticas no seu país por ter comprado um novo BMW série 5 para cada uma de suas dez esposas. Segundo a imprensa local, a cifra total da compra supera os 630.000 euros.A notícia foi divulgada pelo diário Swazi Times, onde se lê como explicação oficial da Casa Real a afirmação de que o gasto é basicamente só um dos necessários nas modernizações necessárias que se estão a fazer. O gosto de Mswati III pela faustosidade pelos excessivosgastos da família real. Segundo dados de finais de 2004, Suazilândia está a viver nos últimos anos apior crise de toda a sua história. Os anos de seca aumentaram a taxa de desnutrição infantil. Nenhum país no mundo tem taxas mais altas de infecção de HIV/SIDa que Suazilândia, cerca de 40 por cento... para uma população total de menos de um milhão de habitantes. A população, deste modo, depende totalmente da vontade de doadores estrangeiros.É preciso sublinhar que esta vontade está nos seus piores índices de motivação. Já em Janeiro do ano passado, agências internacionais de cooperação condenaram os planos do governo de gastar mais de 14 milhões de dólares para construir novos palácios para cada uma das dez esposas do Rei Mswati. Trabalhadores de agências humanitárias confirmaram já que havia sido difícil conseguir financiamento para ajudar a população de Suazilândia devido a todos os escândalos em torno dos excessivos gastos da família real.Em Outubro de 2002,o parlamento da Suazilândia desaprovou a petição para financiar aaquisição de um avião de luxo - avaliado em 45 milhões de dólares - para o usopessoal do filho de Sobhuza, após uma onda de protestos nacionais e internacionais.Poucos meses antes, o Primeiro Ministro da Suazilândia, Themba Dlamini, declarou o país em estado de desastre nacional devido aos efeitos da seca e da pandemia do HIV/SIDA. Actualmente, a maior parte da ajuda estrangeira a Suazilândia está canalizada através de agências da ONU, como o Programa Mundial de Alimentação (PMA), que proporciona alimentos a mais de 100.000 suázis e de outras agências que trabalham contra a crise que vive o país devido a SIDA.
Adaptado de Afrol News
SAVANA - 18.02.2005