O Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF) está apreensivo com propensão para o abate indiscriminado de elefantes visando a comercialização do marfim. A preocupação decorre do abate, nos últimos tempos, de dois elefantes nas províncias do Cunene e da Huíla. No primeiro caso o caçador furtivo foi apanhado encontrando-se a contas com a justiça enquanto o segundo ocorreu no interior do parque nacional do Bicuar sem que os guardas florestais detectassem o seu autor.
O IDF teme que se assista a um aumento do abate indiscriminado de animais, incluindo elefantes. “Começam a aparecer indícios de abate ilegal de animais selvagens e isto já é uma grande inquietação. Há que pôr cobro a esta situação”, disse ao “Apostolado” o director do IDF, Tomás Caetano. Um desses indícios é o volume de animais abatidos, cuja carne e pele são comercializadas na praça da Petrangol, periferia de Luanda. “Vê-se que esta nova actividade começa a aumentar o volume de animais abatidos de modo que periga a existência de algumas espécies”.
O regresso das populações às suas zonas de origem é uma das razões apontadas para o aumento do abate indiscriminado de animais, mas o director do IDF anunciou o combate rigoroso a essa prática através dos efectivos da polícia e das forças armadas como previsto no regulamento que limita a caça. “O que temos que fazer é prevenir e reprimir para que principalmente os animais que temos no “Anexo 1” não sejam molestados nem mortos”. Os animais constantes no “Anexo 1” do despacho nº 204/ 96 do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Florestal são os que se encontram em vias de extinção, como o elefante, cujo abate é proibido por lei.
Com o retorno da paz, os elefantes e outros animais começaram também a regressar ao seu habitat natural nas áreas do Cunene, no Sul, Kuando Kubango, no Leste e Quibaxi e Bula Atumba, no Norte, lugares onde já são vistos pelos habitantes.
Estima-se que durante o conflito armado tenham sido abatidos milhares de elefantes sobretudo nas províncias do Cunene e do Kuando Kubango, cujo marfim era escoado para o mercado internacional.
CONTINUA A INCÓGNITA SOBRE A PALANCA NEGRA
Um outro animal que consta na lista dos que são proibidos caçar é a Palanca Negra Gigante. As autoridades continuam sem dados científicos que provem a presença dela no seu habitat natural, no Município de Cangandala, na Província de Malange.
Durante o ano de 2004 duas expedições integradas por especialistas do Ministério do Urbanismo e Ambiente, do Núcleo Ambiental da Universidade Agostinho Neto e da Fundação Kissama, deslocaram-se a Cangandala, mas não encontraram vestígios do animal. Encontraram apenas informação das autoridades tradicionais e de populares, que referiram ter visto a Palanca Negra.
Os investigadores deixaram no terreno equipamento fotográfico e outro para a recolha de informação científica para em 2005 se dissiparem as dúvidas em relação à existência do animal, que até antes do recrudescer do conflito armado era visto apenas em Angola.
Recentemente, o director do IDF da Província do Kuando Kubango afirmou à imprensa ter visto a Palanca, mas o Instituto em Luanda refere que esse animal era uma sub-espécie da Palanca Negra, mas não a Palanca Negra Gigante.. O IDF refere que seria de todo impossível a Palanca Negra Gigante deixar o seu habitat e deslocar-se de Malange para o Sul de Kuando Kubango rasgando a Província do Moxico.
O Município de Cangandala situa-se a cerca de 100 quilómetros a sul da cidade de Malange.
ANGONOTÍCIAS - 26.02.2005