A RENAMO negou hoje a existência de uma crise no seu seio, alegando estar a ser alvo de pressões por parte de alguns sectores do partido para abandonar as instituições do Estado em que tem representação. | |
A posição da RENAMO surge em reacção a informações que indicam que elementos ligados à segurança do seu líder, Afonso Dhlakama, estão revoltados com o partido e ameaçam integrar-se na polícia moçambicana, devido às más condições em que vivem. "Não há e nunca houve motim protagonizado pela guarda da RENAMO. Não há capitulação nenhuma da RENAMO", afirmou hoje numa conferência de imprensa o porta-voz desta força política, Fernando Mazanga, em alusão à alegada intenção dos "homens armados da RENAMO" de se renderem à polícia. Mazanga disse que o descontentamento no seu partido está relacionado com pressões feitas por alguns elementos do principal partido da oposição "e da sociedade" sobre Afonso Dhlakama para rever a sua posição de tomar posse no Conselho de Estado. Os mesmos sectores, segundo Mazanga, estarão também a contestar o facto de os deputados da RENAMO terem tomado posse na Assembleia da República, acusando as eleições de Dezembro de terem sido "viciadas". "Há sim - prosseguiu - um descontentamento generalizado no seio da população moçambicana, onde encontramos membros da RENAMO, desmobilizados da RENAMO e da FRELIMO, devido ao facto de a RENAMO ter aceite tomar posse na Assembleia da República e estar prestes a tomada de posse do nosso líder no Conselho de Estado, não obstante a fraude ter sido confirmada pelos observadores internacionais". As várias missões de observadores eleitorais ao escrutínio de 01 e 02 de Dezembro último em Maputo, incluindo a União Europeia e o Centro Carter, admitiram a ocorrência de graves irregularidades no processo, mas consideraram que as anomalias não afectarem a integridade das eleições nem o seu resultado, que deu uma esmagadora à FRELIMO, nas legislativas, e ao seu candidato, Armando Guebuza, nas presidenciais. Na mesma conferência de imprensa, o porta-voz da RENAMO acusou o novo governo da FRELIMO de estar a promover uma campanha de repressão contra simpatizantes da oposição em vários pontos do país, numa operação visando reinstalar o monopartidarismo no país. "Há sinais clarividentes que apontam para o fim da democracia multipartidária, nomeadamente, o espancamento e expulsão do membros da RENAMO em vários pontos do país", denunciou. Entretanto, Benjamim Pequenino, um quadro da RENAMO, acusou hoje Afonso Dhlakama de manter "um estilo de gestão militar no partido e de ser um líder imprevisível". Pequenino, deputado suplente da RENAMO pelo círculo eleitoral da Zambézia, preside ao conselho de administração dos Correios de Moçambique e é um dos poucos quadros da oposição a ocupar um cargo de relevo numa instituição do Estado moçambicano. Numa carta publicada hoje pelo semanário Savana, Pequenino afirma que, "enquanto Dhlakama estiver à frente do partido, não logrará êxito em eleição alguma - autárquica ou geral". O autor da missiva aponta como factores para os sucessivos fracassos da RENAMO "o excesso de confiança, falta de organização e direcção, com improvisações à mistura", acusando ainda Afonso Dhlakama de ter lutado pela democracia, mas de não a praticar. |
11-02-2005 23:07:51
(Fonte : Noticias Lusófonas)