por João CRAVEIRINHA
A crónica de hoje para variar, começa por um aforismo –, do
grego “aphorismós” de definir, limitar, palavra mais tarde
adoptada pelos romanos em latim para “aphorismu”. Este bolo
dório todo para se dizer que esvaziada a CAUSA de Servir o
Povo, CESSA essa ideia na Televisão em Moçambique transferida
para um Serviço Público com eventual TAXA a doer para se ver
Televisão que se quer com a mínima qualidade. A exemplo da RM
que cobra Taxas nas facturas de energia mensalmente, em cada
rádio vendido e anualmente em todas as viaturas.
A sugestão seria uma Taxa única e uniformizada a repartir pela
TVM e RM. Sozinha a RM facturará biliões que espero o Fisco e a
Auditoria das Finanças controlem essas receitas milionárias.
Compreende-se o “desespero” da TVM em querer que o Governo
institucionalize uma TAXA para se poder usufruir de um Serviço
Público de uma Televisão Estatal que em princípio não teria nada
que depender de Taxas à semelhança do slogan do Banco espanhol
“La Caja de Pensions catalã” (la Caixa) – O MELHOR
INVESTIMENTO É A CULTURA – não penalizando e
sobrecarregando o utente já de si de poucas possibilidades financeiras.
O Orçamento do Estado deve contemplar a TVM (e RM), como
prioridades fundamentais no Desenvolvimento Cultural do Povo
Moçambicano ampliando-lhes o horizonte na mudança
de atitudes, melhorando mentalidades, o que sem dúvida traria benefícios
comportamentais no sector produtivo económico. Que o Governo
tivesse ponderado melhor sobre as autorizações de sinais abertos por
exemplo da RTPÁfrica (e da Rádio RDPÁfrica), em território
Moçambicano, fazendo concorrência desleal à TVM (e RM) em
“know how” e controlado de Lisboa “violando” diariamente em
directo, 24 sobre 24 horas a “soberania mental” Moçambicana. Lá
escreveu o Poeta Nacional José Craveirinha … Que para mim / todo
o pão que me dás é tudo / o que tu rejeitas, Europa! / (in Xigubo).
Perguntem aos Angolanos porque não aceitaram o sinal aberto em 1995
quando o dirigente do Governo PSD português, Luís Marques Mendes,
esteve em Luanda a discutir a questão das emissões da RDP e RTPÁfrica,
continuando até hoje fechado esse sinal. Eles que até são mais
“Portugueses” que os Moçambicanos. Mas aí os Angolanos no jeito
gingão responderão: “Não aceitamos por não haver reciprocidade.
Somente por parabólica”. Quiçá se referindo à inexistência de igual sinal
aberto da TPA / RNA (e TVM / RM) na Grande Lisboa, Algarve,
Coimbra e Porto. E nós acrescentamos e por ser também a implantação
de mais um “Padrão Português em África” com o pretexto da divulgação
da Língua Portuguesa. É a obsessão do Império colonial perdido diria o
Professor francês, Patrick Chabal, especialista em Lusofonia na
Universidade de Londres.
Em anexo a notícia de Quarta – feira, 23 Fevereiro 2005, retirada do
ZOL – Zambézia On Line, único webjornal Moçambicano na Internet:
http://www.zambezia.co.mz/index.php?option=com_content&task=view&id=608&Itemid=2
“ TVM ESTUDA INTRODUÇÃO DE TAXA
A Televisão de Moçambique TVM poderá propor ao governo a introdução de uma taxa de Televisão para enfrentar os "elevados custos de produção". Simão Anguilaze admitiu que a questão de alternativas de financiamento da TVM, incluindo a taxa de Televisão, está a dominar o processo de reflexão interna que o canal lançou por ocasião do seu 24º aniversário, que se assinala este mês. Justificando a provável opção pela introdução de uma taxa de Televisão, Anguilaze defendeu que o objectivo de fazer chegar o sinal do serviço público de Televisão a todo o país só será alcançado com a mobilização de mais recursos financeiros. Segundo Simão Anguilaze em entrevista à RM, esta é uma das alternativas, dentre de outros projectos em estudo. "A expansão da rede de Televisão pública e o desígnio de tornar o canal “mais Moçambique”, através de programas Moçambicanos, importa a captação de mais meios financeiros", sublinhou o director de informação da TVM. Simão Anguilaze ressalvou que esta questão é da competência do Governo de Moçambique "independentemente das opções de financiamento que forem avançadas pela TVM nas suas discussões internas". Enquanto não houver directivas do Governo sobre a matéria, a TVM irá trabalhar com os seus parceiros internos e externos, para consolidar o seu estatuto de serviço público de Televisão. Para assinalar o seu 24º aniversário, a TVM vai lançar na sexta-feira a nova grelha de programas para 2005, "com uma matriz profundamente Moçambicana", num evento em que serão também premiados os melhores programas e apresentadores, além de outras iniciativas de âmbito culturais. in ZOL”. (FIM)
Adenda: O Governo PSD Português esteve no poder em 1995. Nas negociações com Angola sobre a RTP e RDP em sinal aberto, o Dr. Luís Marques Mendes era na altura, Ministro-adjunto, do XII Governo Constitucional de Portugal (1991.10.31-1995.10.28), sendo 1º Ministro o Prof. Aníbal Cavaco Silva.
CORREIO DA MANHÃ(Maputo) - 28.02.2005