O ex-presidente de Moçambique Joaquim Alberto Chissano está de visita a Portugal, tendo sido ontem homenageado pela Câmara do Porto, participando depois num encontro aberto a toda a comunidade luso-moçambicana, na sede da Associação Portugal-Moçambique, espaço que o próprio tinha inaugurado em 2003.
Chissano recebe hoje na Universidade do Minho, em Braga, o doutoramento ‘honoris causa’ em Ciência Política e Relações Internacionais.
Recebido por Rui Rio, presidente da Câmara do Porto, vereadores, personalidades e empresários do Norte, Joaquim Chissano recebeu das mãos do autarca um livro sobre a cidade.
Na sua intervenção, Rui Rio lembrou que Chissano é uma das grandes figuras políticas de África, que tem sido capaz de antecipar o futuro e marcar o ritmo do presente.
“Vossa Excelência é hoje um embaixador, com especiais características e particulares responsabilidades, de Moçambique e até de toda a África”, acrescentou. Emocionado, Chissano respondeu que estando em Portugal tinha de vir ao Porto.
“Sou sempre bem recebido nesta cidade, onde existem muitos empresários que estão a investir em Moçambique. As divergências de então deram lugar à solidariedade e a iniciativas conjuntas e variadas”, disse Joaquim Chissano. Instado a falar sobre o seu sucessor no cargo de presidente da República, Chissano afirmou que Armando Guebuza é um homem sério que dará continuidade ao seu trabalho, apoiado por um primeiro-ministro “mulher com muitas qualidades”. “O combate à pobreza e os investimentos na agricultura e educação são as prioridades do Governo moçambicano”, afirmou.
Chissano tem uma relação especial e histórica com o Porto. A 23 de Junho de 1961, noite de S.João, partia do Porto, com a PIDE no seu encalço, para iniciar o processo da fundação da Frelimo. Lembrou-se de tomar um café perto da Estação de S.Bento, revivido anos mais tarde em liberdade. Esta é a segunda vez que chega a Portugal pela “fronteira” do Porto, onde em 2003 inaugurou o Espaço Moçambique, onde se inteirou dos problemas da comunidade moçambicana na Invicta.
Baía Reis(Porto) - CORREIO DA MANHÃ - 17.02.2005