A prosperidade de Moçambique não pode estar ligada às políticas do FMI

DEFENDE O ALTO COMISSÁRIO MOÇAMBICANO NA ZÂMBIA

Numa entrevista concedida na última semana ao jornal zambiano “The Post”, o Alto Comissário de Moçambique na Zâmbia, Fernando Andrade Fazenda, defendeu que a prosperidade económica de Moçambique, não pode ser atribuída às políticas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial (BM).

O artigo, assinado pelo jornalista George Chellah, refere que os colonialistas não foram capazes de

encontrar uma solução para a libertação económica do continente.

Fazenda insistiu que a determinação de Moçambique é que lentamente seja, por si, responsável pela

sua estabilidade económica.

«O sucesso de Moçambique não pode nunca ser atribuído ao Fundo Monetário Internacional, ao Banco

Mundial ou outros parceiros internacionais, porque se olharmos para a assistência oferecida por àquelas instituições, vêm sempre acompanhadas de condicionalismos», afirmou o diplomata moçambicano na Zâmbia. «Eles devem obedecer aos nossos comandos. Eles não podem impor políticas em nós. Caso contrário, este tipo de assistência não faz sentido. Em outras palavras, não faz sentido para a generalidade  da população», frisou.

O Alto Comissário Fazenda apelou aos africanos a ter um senso profundo de modo a adoptar uma

responsabilidade colectiva para alcançar o progresso do continente africano. «Os africanos deviam se unir e lutar para a libertação económica do modo que lutemos para a independência. Não podes esperar da mesma pessoa que nos colonizou ontem, para ser a mesma pessoa que nos que mostrar o caminho da libertação económica», disse.

Aquele representante do Governo moçambicano na Zâmbia apelou aos políticos africanos a colocar em

primeiro lugar os interesses das suas nações de tal forma que o continente esteja em condições de atingir a emancipação económica.

O jornalista do “The Post”, jornal publicado na capital zambiana, Lusaka, foi mais longe e chegou a citar o embaixador moçambicano na Zâmbia como se tivesse “gabado” pela «transição política sangrenta» como um indicativo que a «democracia veio para ficar em Moçambique”.

Em relação à cooperação bilateral entre Moçambique e Zâmbia, o Alto Comissário do nosso país na Zâmbia,

sublinhou que há ainda muito por ser feito para assegurar que as facilidades entre os dois países possam ser compartilhadas.

«Existe um projecto triangular cujo objectivo é de trazer o sector privado do Malawi, Zâmbia e Moçambique

num mesmo contexto. Mas ainda temos muito que fazer», desafiou.

Acrescentou que há necessidade de reunir esforços multisectoriais perante a pandemia do HIV/SIDA.

«Deviamos combinar esforços no combate a este problema, porque para nós a prevalência do HIV/SIDA é bastante elevada ao logo das nossas fronteiras provinciais» rematou.

DA REDACÇÃO

COMENTÁRIO

Foi interessante ler esta entrevista do Alto Comissário de Moçambique na Zâmbia e que concedeu

ao jornal “The Post”.

À primeira vista, até parece que realmente mudanças na política externa de Moçambique em relação às instituições da comunidade internacional que em tempos arriscaram numa “negociata” para salvar

este pobre país da pobreza absoluta.

O Alto Comissário de Moçambique na Zâmbia, esqueceu-se de revelar a dívida total que Moçambique tem com o FMI e o Banco Mundial.

Acredito que deve ser uma dívida que afecta as nossas vidas (digo dos pobres moçambicanos), e que provavelmente o senhor Fernando Andrade Fazenda, nunca sentiu os seus efeitos.

Não venha contar estórias, procurando enganar aos estrangeiros em nome dos moçambicanos, isso pode ser perigoso. Venha sim debater este tipos de assuntos, que até acho interessante, aqui em

Moçambique, porque julgo que esse homens do FMI e do BM, até podem ser uns grandes “mafiosos”, tendo em conta que não há registo no mundo de pelo menos um país onde as suas políticas neoliberais,  inspiradas das teorias kenesianas, surtiram efeitos desejados.

JOSÉ CHITULA

IMPARCIAL – 28.03.2005