Charles Baptista Um calhau rola ao sabor da corrente das águas ou dos ventos. Não pensa. Não tem vontade própria. Não anda nem deixa que os outros se movimentem. É um obstáculo no caminho do progresso. Faz intrigas e vê fantasmas onde eles não existem. Quem apostar em calhau, fica tramado. Quando um grupo de calhaus arrebata um partido, este corre o risco de nunca ganhar uma única eleição. Em campanha, refugia-se nas praias, passeia, no seu carro bonito, a sua catorzinha. Os calhaus juntam-se nas barracas para uma sessão de cerveja à maneira e comer espetadas assadas de carne de galinha, em passeios fedorentos. Um calhau não marca pontos nem no seu partido nem na AR onde se bate para constar nas comissões para descansar à sombra de um salário de príncipe. Faz guerra para integrar comissões, mesmo sabendo que não tem nada para contribuir. Um calhau conduz o barco a um porto sem destino. Quando tudo lhe corre mal, envolve-se em desculpas de roubo de votos ao fim de cada acto eleitoral. Os roubos são testemunhados pelos intervenientes, mas, por onde andam os calhaus quando batem, expulsam, prendem os seus delegados e fazem enchimento manual das urnas? Os calhaus não estudam a melhor estratégia que leve o partido à vitória. São lentos no raciocínio e extremamente preguiçosos na acção, nada tomam a sério. São um peso morto não apenas para os seus partidos quanto para a sociedade que tem que lhes dar salários para dormirem felizes no Parlamento. Não dominam nenhum dossier, nem mesmo o regimento parlamentar, só batem palmas e votam sim ou não, conforme o comando. Um calhau não tem opinião própria por temer contrariar o pensamento do seu chefe. A única coisa que um calhau sabe é dizer que os outros estão arrasca por vossa excelência ser um verdadeiro fenómeno dos tempos actuais! Num passado recente, vimos calhaus a baralharem as candidaturas para AR a fim de fazerem constar os seus nomes e dos confidentes, apesar de tanto tempo que levam de silêncio sepulcral na AR. Quando aparece alguém com novas energias e ideias avançadas, em coro, os calhaus gritam: aquele é do partido X ou Y. Vem espiar para passar a informação aos nossos adversários. Calhau não é só um analfabeto, pode ser um graduado universitário, é aquele que gosta de fazer discursos de Estado que só falam de SIDA e água potável, em vez dos problemas que apoquentam as populações, para não ferir as sensibilidades. Os calhaus ainda não se aperceberam que a FRELIMO começou a movimentar-se rumo às próximas eleições com agradecimentos e presidência aberta. Serão surpreendidos com mais uma derrota humilhante. A RENAMO possui muitos quadros, porém, não aparecem na Comissão Permanente da AR para enfrentarem os históricos do batuque e maçaroca. A combinação da experiência com o conhecimento perturbaria a FRELIMO. Um calhau faz manobras para atrasar a ascensão do seu partido ao poder. Não sabe e afasta qualquer ajuda. Um calhau pensa que sabe tudo. CORREIO DA MANHÃ(MAPUTO) – 28.03.2005