O enquadramento do grupo étnico Koizan ou seja Vassekeles vai levar tempo, devido a natureza de vida que levam, admitiu o senhor Hekeh (na foto com a sua família).
São vários os factores que levam os Vassekeles a continuar dispersos pelas matas, levando uma vida nómada, na procura de condições que mantêm as suas vidas. No entender do senhor Hekeh, os Vassekeles não conseguem adaptar-se facilmente ao regime de alimentação, tendo como base o milho, massango e massambala, tal como acontece com outros grupos étnicos, porque esses cereais, não reúnem produtos nutritivos que protegem a pessoa contra doenças como a tosse.
O consumo de mel, carne fresca de certos animais selvagens, peixe e certas frutas silvestres é recomendável para os Vassekeles para o equilíbrio de saúde, e quando essas condições tornam-se escassas numa determinada área, os homens deixam as famílias numa determinada localidade e vão a procura de uma zona rica em produtos acima mencionados e em seguida as senhoras e crianças movimentam-se. Disse.
“Este movimento tem sido motivo de críticas por parte de outras tribos, tal como nós criticamos também o facto dos outros permitirem mortes por doenças de base que não podiam atacar uma pessoa se tivesse acesso aos produtos que a mata produz.” Disse textualmente Hekeh.
Os Vassekeles têm formas de se defenderem dos animais ferozes que se encontram nas matas incluindo Leões que algumas vezes também são forçados a deixar um outro animal por eles abatido, assegurou o nosso interlocutor para quem nas matas não há nada que constitui um grande perigo para o seu grupo atónico.
Hekeh disse que tem mantido conversas com os seus companheiros apelando para a necessidade de os movimentos serem feitos apenas pelos homens, ficando as famílias numa certa localidade. Se esta hipótese fosse aceite por todos, estariam as condições reunidas para a educação das crianças que para Hekeh é fundamental para o grupo mudar de nível de vida. Há famílias que já conseguem ficar no mesmo lugar durante um ano, mas há outros que preferem ficar mais distantes dos outros, lamentou.
O homem em referencia que vive há mais de um ano na aldeia de Kukeny localizada entre Kayundu e Savate, município do Kuangar na Província do Kuando-Kubango, não sabe a sua idade nem se recorda do local onde nasceu, mas disse ter feito a 1ª classe no Município do Rivungo antes da retirada dos portugueses. A sua ambição é de ser professor dos outros.
Hekeh estima o efectivo dos Vassekeles em 800 pessoas residentes no Kuando-Kubango e que se houvesse alguém com interesse de ajudar podia contribuir na sensibilização dos outros para a necessidade da sedentarização.
ANGONOTÍCIAS - 19.03.2005