A Global Witness desafiou o procurador-geral de Genebra, Daniel Zappelli, a reabrir a investigação relativa às acusações de lavagem de dinheiro, apoio a uma organização criminosa e corrupção de funcionários públicos estrangeiros, contra o empresário Pierre Falcone, que Zappelli arquivou no final de 2004.
Numa carta enviada ontem ao procurador-geral, a organização não governamental com sede em Londres sustenta que há matéria para prosseguir a investigação contra Falcone, pelo seu papel de intermediário, com o seu sócio Arcadi Gaydamak, na negociação da redução da dívida de Angola à Rússia entre 1996 e 2000.
A ONG britânica não entende a decisão relativa ao empresário, amigo de Luanda, quando nos processos contra o Presidente do Cazaquistão, Nazarbaiev, e contra o ex-Presidente da Nigéria, Sani Abacha - situações que considera semelhantes às de Angola - as sentenças foram favoráveis à acusação; no caso do Cazaquistão, com fundos públicos mantidos em contas "off-shore" privadas, "contas transitórias" e "o aproveitamento de várias companhias de fachada"; no caso da Nigéria, com a criação de "uma organização criminosa", e o "uso privado de fundos do Banco Central da Nigéria, bem como os lucros de práticas corruptas."
A ONG não entende por que é que, na situação de Angola, com "uma estrutura igualmente complexa e opaca envolvendo o uso de uma companhia fantasma intermediária [a Abalone, de Falcone]", "várias companhias de fachada", "contas transitórias" e "provas documentadas de que o chefe de Estado angolano (e outros funcionários públicos) lucraram pessoalmente com o acordo [de reestruturação da dívida]", o caso esteja encerrado.
A.D.C - PÚBLICO - 01.03.2005