João Craveirinha
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MUANA ORRIPA KIRRINA EHAYA…É o aforismo em idioma Êmákuá para dizer que filho da terra não tem vergonha… (ver rodapé).
Sem pretendermos meter a enxada em machamba alheia, não foi possível nos contermos perante mais uma linguagem imprópria, na Comunicação Social Moçambicana – CSM. É a revelação de uma falta de educação e de cultura geral, que mau grado nos foram habituando na nossa Imprensa escrita. Quiçá, necessitada urgentemente de diminuição da excessiva politização distorcida. Pode obcecar e conduzir à loucura sem se darem conta. Há que respeitar os outros para serem respeitados. Não se confunda Educação – Respeito, com Instrução à Inglesa (education).
A sociedade Moçambicana de repente tomou os “freios nos dentes” espumando “complexos recalcados” e nos jornais da Terra muitos já escrevem sem um mínimo de ética, estilo ou linguagem jornalística. Exempli gratia: … “Há a sensação de que o governo – Guebuza pretende escangalhar – é o termo – o trabalho realizado pelos governos – Chissano em tão curto espaço de tempo. É tanta a correria que – repetimos – se desenha o risco de tropeçar e cair de bruços, com a perspectiva de danificar o focinho. Tal poderá ser o caso de Aires Aly, cuja precipitação já o levou a demitir alguns directores”...in Dos Sinais – Salvador Raimundo Honwana – Expresso diário electrónico Nr. 1491 - Moçambique, Maputo, segunda-feira, 14.03.05. Fim de citação.
Inacreditável. Escrever FOCINHO referindo-se a um Ministro? Esperem um dia até um Governo RENAMO tomar o Poder e experimentem escrever que um Ministro da RENAMO tem Focinho característica única dos cães ou outros animais irracionais.
Há formas mais correctas de criticar. Com franqueza. Em linguagem ordinária é que se refere focinho à parte saliente da cara de alguém, mas sempre em tom insultuoso o mais baixo possível.
Realmente, parece que certos ditos jornalistas se embebedaram de tal maneira com a Liberdade de Imprensa em Moçambique que “afocinham” –, desculpem, digo, caem de bruços encima do computador, quando escrevem se esquecendo de alguma deontologia profissional. Já lemos de muita falta de respeito na CSM, mas FOCINHO? Não lembra ao diabo! (Post scriptum: Ninguém me passou procuração. Nem podiam. Que não estou disponível. Sou INDEPENDENTE).FIM
N.B.: Êmákuá é o idioma baNto mais falado em Moçambique com 7 dialectos principais num cenário de cerca de 10 milhões de falantes. Em teoria é possível sair do rio Rovuma falando macua padrão até ao rio Zambeze. Uma extensão maior que Portugal, Espanha e a França juntas. Existe também o macua arcaico de Mahajanga (Majunga), no Noroeste de Madagáscar (direcção de Muhipiti e Nacala). Menciona-se uma “bolsa ” idiomática no Gabão – Congo (!?). Vestígios da
CORREIO DA MANHÃ(Maputo) – 15.03.2005