Luísa Diogo - mestre em Economia Financeira pela Universidade de Londres - disse que a comissão, que na sexta-feira vai divulgar oficialmente o seu plano de acção, de 400 páginas, não pode encarar África como um todo, uma vez que cada Estado tem as suas características próprias.
"Creio que o relatório da Comissão para África será um pouco generalista, porque não é fácil acomodar num documento como esse todas as preocupações e especificidades de cada país", afirmou a primeira-ministra, que em Janeiro recebeu a visita do responsável britânico pela pasta das Finanças, Gordon Brown, segundo o qual Londres vai perdoar tudo o que Moçambique lhe deve.
Em particular, Luísa Diogo declarou que é preciso haver um tratamento específico para o sector moçambicano do açúcar, no que diz respeito a barreiras alfandegárias e acesso a mercados.
Actualmente, o país pouco açúcar consegue exportar para a União Europeia, mas está convencido de que o êxito de semelhante indústria o poderia ajudar a desenvolver-se, depois do estado caótico em que ficou depois da guerra civil que a Renamo travou contra o Estado/Frelimo, após a descolonização; e que só terminou em Outubro de 1992, com o Acordo Geral de Paz assinado em Roma.
Blair vai pedir esta semana uma mudança radical na forma como o Ocidente encara o mais pobre dos continentes, quando a Comissão para África, criada há um ano, apresentar o relatório em que defende a duplicação do auxílio, o desmantelamento das barreiras alfandegárias e o perdão da dívida externa.
Naquela que o jornal The Guardian disse ser a mais importante análise dos problemas africanos feita numa geração, o Governo britânico proporá uma nova parceria entre os países desenvolvidos e os Estados considerados politicamente "frágeis", metade dos quais se situam na África subsariana. As recomendações incluem medidas duras para se combater o suborno praticado pelas multinacionais em relação aos países considerados corruptos. J.H.
PÚBLICO - 09.03.2005