O novo executivo moçambicano vai manter a relação de amizade com o Zimbabué baseada no "respeito" pelos princípios democráticos definidos na sua política externa e na da Comunidade dos Países da África Austral (SADC).
Segundo a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Alcinda Abreu, o governo moçambicano defende o respeito da soberania daquele Estado pelos países da SADC, no âmbito das normas de convivência democrática vigentes na região austral de África.
Em declarações à Agência Lusa, Alcinda Abreu considerou fundamental a manutenção de um diálogo entre o governo de Robert Mugabe e a oposição zimbabuena para se ultrapassar a crise instalada no Zimbabué.
Na semana passada, a embaixadora dos Estados Unidos para a África do Sul, Jendayi Frazer, criticou os países membros da SADC pelo tratamento diferenciado "de um mesmo problema".
A embaixadora referia-se às situações no Togo, onde o governo alterou a Constituição para permitir a nomeação de Faure Gnassingbé para o cargo de Presidente da República, em substituição do seu pai Gnassingbé Eyadema, e no Zimbabué, onde a comunidade internacional considera registarem-se sistemáticas violações dos direitos humanos.
Numa reacção a essas declarações, Alcinda Abreu considerou ser pertinente que os países da SADC respeitem a Constituição do Zimbabué, exortando-os a esperarem pelos resultados das eleições multipartidárias deste mês.
"O Zimbabué está a viver os seus próprios momentos e nós continuamos a defender que o diálogo é uma maneira democrática para se ultrapassar a crise que se vive naquele país. O Zimbabué encontrará soluções para os seus problemas, é preciso aguardarmos pelos resultados das eleições", disse Abreu.
As autoridades moçambicanas sempre defenderam uma solução pacífica para a crise no Zimbabué, país alvo de sanções pela comunidade internacional pela sua política, que incluiu uma reforma agrária, iniciada em 2000, que visava confiscar terras a centenas de fazendeiros brancos para as distribuir pela comunidade negra daquele país, e detenções de críticos.
Agência LUSA - 08-03-2005