Guebuza, TU mesmo disseste: este tempo não é para andar. É para correr.
Mas nós, os marginalizados, como é que podemos correr se forças hostis mantêm-nos impiedosamente maniatados?
“É espírito de deixa-andar não agir perante a falta de definição clara de tarefas e de cadeias de comando e hierarquias nas instituições; É espírito de deixa andar cultivar a prática de marginalização, frustração ou subaproveitamento de quadros disponíveis nas instituições”, denunciaste TU, pouco tempo depois de tomares conta das rédeas do nosso glorioso partido Frelimo.
Afinal, TU tens conhecimento exacto daquilo que se passa connosco, teus compatriotas vítimas deste inimigo que é o “deixaandar”!
As forças do mal estão obstinadamente apostadas em humilhar-nos na nossa própria Terra, apenas porque recusamo-nos a ser seus correligionários no caminho da indignidade e da infâmia que escolheram trilhar.
Por isso, a nossa estupefacção perante a tua ingenuidade ao pensares que os teus discursos serão escutados por tais forças hostis que atiraram-nos para esta abjecta situação em que nos encontramos.
Perdoe-nos a incredulidade, mas nós não acreditamos nisso!
Entretanto, creia-nos que não temos outra defesa senão esta – a escrita – e TU próprio, razão pela qual pedimos-te ansiosamente que nos libertes desta situação, o mais urgente possível.
Sim, TU que preconizas “uma sociedade onde a maldição e o ódio são substituídos pelo amor, pela valorização de cada um na materialização dos ideais de Cultura de Paz e da convivência sã entre os cidadãos; uma
sociedade onde o boato e a intriga são substituídos pela troca franca e aberta de ideias e informações (...)”, valha-nos agora.
Valha –nos, a nós que somos vítimas do cinismo e da traição.
Afinal que mal fazemos nós ao acreditarmos, como TU, na “crítica e auto-crítica como métodos para operar mudanças na sociedade”?
Também somos moçambicanos, não cometemos nenhum crime e queremos trabalhar.
Também somos moçambicanos, queremos dar o melhor de nós e contribuirmos para o engrandecimento desta nossa Pátria Amada.
Moçambique não é pertença de alguma tirania cobarde e corrupta mas sim TERRA de todos nós!
Guebuza, não espere pelos relatórios.
Tome a iniciativa de criar um grupo de trabalho para fazer o levantamento, nos ministérios e serviços dependentes, de todos os funcionários deliberadamente marginalizados (refugos, como diz Francisco Rodolfo), apenas por causa da sua honestidade e do exercício do seu direito à liberdade de consciência.
És TU e mais ninguém, que no dia 02/02/05 prometeste que irias fazer justiça a todos os cidadãos.
Parece-nos que o momento já chegou.
NYANDA EYO, GUEBUZA!!! (Wandu Kogoya)
MEDIA FAX – 16.03.2005