O presidente da República, Armando Emílio Guebuza surpreendeu-me com o discurso que proferiu no final da sua visita a província de Nampula no âmbito do périplo que tem estado a efectuar pelo país. Para mim o que o PR disse, e que veio estampado em parangonas na primeira página do oficioso jornal “Notícias” edição de sábado, dia 19 de Março de 2005, não passa de um insulto ao povo moçambicano. Tentou defender-se alegando que os moçambicanos não são corruptos, mas que mesmo assim, existem «alguns corruptos entre os moçambicanos». Se o presidente da República, de acordo com a Constituição da República em vigor, com os poderes que acomula é quase o “dono” de Moçambique, tem conhecimento da existência de corruptos entre os moçambicanos, não vale a pena enganar a esses moçambicanos com discursos populistas para dar a entender que está a trabalhar bem. Deve sim, vir ao público anunciar que o executivo que dirige, puniu este e aquele cidadão por corrupção. E mais, é sabido que quem fomentou a cultura de corrupção em Moçambique, foi o partido Frelimo que desde 1975 se mantém no poder de forma altamente questionável. Se existem realmente corruptos em Moçambique, são provavelmente alguns dos membros bem influentes senão “tubarões” que continuam “acorrentados” ao partido Frelimo. Não pode misturar assuntos senhor presidente da República! No meu ponto de vista a sua governação será exemplar e realmente democrática, quando tiver a coragem de declarar publicamente a proveniência da sua riqueza pessoal, e quanto é que neste momento está a receber de salário como PR, incluindo as mordomias que tem direito na qualidade de Chefe de Estado moçambicano. Ainda não estamos satisfeitos e nem convecidos que a sua riqueza pessoal proveio de um projecto de criação de patos como tentou transparecer nalgumas das suas intervenções públicas antes das eleições gerais de Dezembro de 2004. Em tempos não muito recuados, o actual presidente da Assembleia da República, Eduardo Mulémbwè, quando era Procurador Geral da República, foi ao parlamento, não sei se era “show off” ou não, prometer que tinha a lista dos principais corruptos deste país. Após sucessivas ameaças de morte, nunca mais teve a coragem de voltar a falar deste assunto. No meu entender, Moçambique que em tempos foi cotado como um dos países mais pobres do mundo, continua pobre por culpa dos corruptos que afectam o partido Frelimo. Enquantos esses corruptos não forem presos e julgados, tenho a máxima certeza que a maioria dos moçambicanos continuará cada vez mais pobre, a morrer em massa de SIDA, malária e outras doenças que no mundo desenvolvimento já não constituem problema. Já está “esfarrapada” a justificação de que o país continua pobre devido a guerra dos 16 anos movida pela Renamo. Passam mais de dez anos que o país vivem em paz, e nestes condições existem largas vantagens de Moçambique prosperar com a democracia instalada, rumo a uma das Nações estáveis ao nível da África Austral. J