Adelino Mano Queta, licenciado em Ciências Sociais e Políticas, embaixador de carreira, apresentou a sua candidatura às eleições presidenciais guineenses. Defende que só com paz, diálogo, estabilidade e bom senso é possível desenvolver o país.
Correio da Manhã – Quais as razões que o levaram a candidatar-se às eleições presidenciais?
Adelino Mano Queta – Como cidadão guineense, patriota e nacionalista e pelo meu percurso, julgo reunir todas as condições necessárias para me candidatar. A experiência tanto a nível nacional como internacional e o meu perfil levaram também a sociedade guineense a incentivar a minha candidatura. E, se reunimos as condições, então não podemos continuar sempre na defensiva. Já é altura de assumir e demonstrar que sou capaz de ajudar a melhorar o meu país em paz e estabilidade para ganharmos credibilidade a nível internacional.
– Estas presidenciais vão ter muitos candidatos. Qual é a sua ‘receita’ para a vitória ?
– Sou um homem de diálogo. Vou enfrentar estas eleições com paciência, com calma necessária para poder demonstrar ao eleitorado guineense que sou um homem capaz de dialogar com todas as forças políticas, com todos os poderes da soberania porque entendo que só com diálogo sério, honesto e franco e com muita persistência poderemos levar este país para um futuro melhor.
– As chefias militares têm uma influência muito grande no país. Como vai lidar com esta instituição militar?
– O país atravessa um momento difícil por vários aspectos. É verdade que o sector militar é muito importante na vida deste país. Mas o que é necessário é que todos nós, civis e militares, políticos e a sociedade civil, saibamos compreender a situação e só com diálogo e bom entendimento poderemos desenvolver o país. Porque sem estabilidade a Guiné-Bissau nunca mais sairá deste impasse em que se encontra. E os militares, sendo eles também cidadãos nacionais, deverão compreender que há todo o interesse em que o país saia da situação em que se encontra.
– A comunidade internacional estará sempre disposta a apoiar o país em permanente instabilidade?
– É preciso que entre na cabeça de todos os guineenses que sem paz não haverá desenvolvimento do país. A comunidade internacional poderá cansar-se de nós. Para que isso não aconteça, temos de falar entre nós mesmos e mostrar que somos capazes de ultrapassar as nossas actuais dificuldades. Existem pessoas de boa vontade que estão a trabalhar para pacificar a sociedade guineense. Eu sou uma dessas pessoas.
PERFIL
Adelino Mano Queta nasceu em 23 de Junho de 1941, em Mansoa. Fez o ensino secundário na Guiné-Bissau. Licenciou-se em Ciências Sociais e Políticas no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas de Portugal. Após a independência, regressa à terra natal, exercendo diversas funções. Foi embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da Guiné-Bissau em Portugal, Itália, Espanha e Marrocos. Foi representante permanente da Guiné-Bissau nas Nações Unidas e no Conselho de Segurança. Foi ainda embaixador em Taiwan e assessor político e diplomático da CPLP. Actualmente exerce as funções de assessor diplomático do presidente da república, Henrique Rosa, e é docente da Faculdade de Direito de Bissau.
CARLOS MENEZES - CORREIO DA MANHÃ - 17.04.2005