O massacre do Ambriz, que em finais de 2001 vitimou no norte de Angola 18 civis que andavam a caçar, na sua maioria portugueses, foi perpetrado por militares da UNITA, escrevia ontem o semanário Grande Reportagem. O artigo inclui um depoimento de um antigo coronel das
forças armadas de Jonas Savimbi, José "Regresso", hoje general integrado nas Forças Armadas Angolanas (FAA).
O crime, cometido durante uma missão de avanço de uma força militar da UNITA em direcção à capital do pais, Luanda, não visava civis e, segundo o oficial, aconteceu de forma acidental. As chefias da UNITA, segundo o general Kamorteiro, então chefe do estado-maior das tropas de Savimbi, ficaram a braços com um crime de difícil explicação e optaram pelo silêncio sobre o acontecido, escondendo a sua autoria face ao melindre político que envolveria.
Segundo a reportagem, o então coronel José "Regresso" chefiava um batalhão de três centenas de homens, com amissão de realizar acções de desestabilização, numa altura em que as FAA apertavam o cerco a Jonas Savimbi. "Um tiro não cheirava se era caçador ou FAA" (soldado
governamental), justificou o ex-oficial da UNITA, acrescentando que o jipe foi metralhado a coberto do escuro da noite.
O incidente ficou conhecido por "massacre do Ambriz", nome da região onde foi perpetrado. Esteve até agora por esclarecer e os seus autores, que actualmente beneficiam de imunidade ao abrigo da lei de reconciliação angolana, poderão não vir a ser responsabilizados
judicialmente.
PÚBLICO - 24.04.2005