(Maputo) As Organizações Não-Governamentais que apoiam Moçambique não devem trabalhar de forma isolada; devem sim, consultar os órgãos governamentais para que as suas acções, os seus projectos, correspondam aquilo que são as prioridades do governo, porque só o Ministério da Saúde (MISAU) sizinho articula perto de 100 ONGs com as quais, o diálogo não tem sido positivo, daí que cada uma delas faz o que estiver ao seu alcance sem a observância das prioridades do governo, palavras de Ivo Garrido, Ministo da Saúde, quando conversava com o Conselheiro em chefe de Governo da Catalunha, um Estado autónomo de Espanha, Josep Bargalló.
Ivo Garrido disse ao governante de Catalunha que “o país enferma de enormes problemas na área sanitária, mas o problema fundamental não está na quantidade, está na qualidade, pois vários são os quadros cuja sua formação não corresponde às necessidades desejadas, por isso que as nossas apostas estão viradas para a melhoria desta área, algo que se enquadra nos planos de redução da pobreza absoluta levada a cabo pelo governo de Moçambique”.
Conforme Garrido, “a nossa meta é o alargamento da rede sanitária para todos os distritos do país de uma forma gradual com vista a encurtar as actuais distâncias que as populações das zonas rurais são sujeitas a percorrer para ter acesso às unidades sanitárias, algo que vai reduzir a mortalidade infantil” acrescentando que “as unidades distritais de saúde existentes não tem R-X e nem sala de Operações, algo que condena a morte mulheres grávidas que tiverem dificuldades no parto”.
Num outro desenvolvimento, Garrido revelou haver necessidade de sec criar sistemas de comunicação, “para responder ao cenário que se vive de se ter que percorrer distâncias enormes de Bicicleta à busca de uma ambulância que possa transportar um doente grave para as capitais provinciais, onde há um atendimento adequado. Pedimos ambulâncias e outro equipamento e esquecemo-nos de pedir rádios de Comunicação que até são menos caras”.
Cerca de dois milhões e quinhentos mil Euros que constituem a cifra mínima prevista pela Cooperação Espanhola como apoio referente ao ano de 2005, devem ser canalizados à província de Inhambane, contrariando as pretensões do Governo de Catalunha, segundo as quais, só um montante de um milhão de Euros é que deviam serem canalizados àquela província, disse Garrido, sublinhando que “esta proposta irá possibilitar a concretização dos nossos planos no alargamento gradual da rede sanitária”, lembrando que “Inhambane apenas possui dois centros de saúde com práticas cirúrgicas: o da cidade capital e o de Vilankulos, os quais respondem a uma ínfima parte da grande demanda da província”.
Em outra análise, Garrido pediu ao chefe do Governo da Catalunha para juntos estudarem uma possibilidade de se formar mais quadros moçambicanos dentro do país, principalmente na área de enfermagem, a qual se tem identificado como a mais deficiente, para além da possibilidade do envio de quadros espanhóis especializados na matéria de saúde que possam, “por um período transitório, transmitir aos nacionais informações sobre a cultura hospitalar”.
O ministro referiu ainda ao facto de muitas unidades sanitárias focalizadas nas zonas rurais, “ter falta de iluminação elécrica e na maioria das vezes, fazem operações nocturnas com recurso à luz de fósforos ou de velas”, sublinhando “ser crucial a aquisição de painéis solares pois, Moçambique tem falta de tudo, excepto a luz solar”.
Garrido acrescentou que “para se equipar um hospital rural de material necessário ao funcionamento são, é necessário um montante de mil dólares norte-americanos”, e a terminar enfatizando que o ministério que dirige é dotado de carências pois nem se quer tem um único laboratíorio de microbiologia, apesar de se mostrar uma das maiores necessidades na área de saúde, recorrendo-se muitas vezes à vizinha África do Sul para o acesso ao mesmo”.
(Almeida Oliveira) - VERTICAL - 26.05.2004