“A situação é bastante crítica, numa altura em que se espera a tomada de posse de um novo bispo, D. Filomeno Vieira Dias, e em que o Governo angolano procura ilegalizar a Mpalabanda, existente desde 14 de Março do ano passado e que faz parte do Forum Cabindês para o Diálogo (a par da Igreja Católica e da FLEC)”, afirmou Chicaia, que não poude ficar mais tempo em Genebra porque foi convocado pela Direcção de Investigação Criminal. E que em Portugal foi recebido pelo antigo Presidente Mário Soares.
Aquele activista dos direitos humanos, prestes a fazer 40 anos, teme perder o seu cargo de director da estação agrária de S. Vicente, a 12 quilómetros da cidade de Cabinda, por se ter envolvido na denúncia das “situações de arbitrariedade” vividas no enclave, onde alega que “o petróleo só traz pobreza, existindo um índice de subdesenvolvimento muito elevado”.
O crude, que a Chevron norte-americana tem direitos de exploração no mar até 2030, está agora também a ser prospectado em terra pelos australianos da Black Rock Oil & Gas, enquanto empresas japonesas se dedicam à procura de ouro e diamantes na zona de Buco-Zau, mas Chicaia afirma que “a riqueza não tem beneficiado” a generalidade dos cerca de 400.000 habitantes de Cabinda.
A diversificação da economia é uma das bandeiras da Mpalabanda, que em Julho promove uma reunião de quadros do território, para se reflectir sobre qual será a melhor atitude a tomar quanto às eleições angolanas previstas para o próximo ano.
Enquanto isto, a associação, muitos sacerdotes católicos e a Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) procuram conseguir traçar uma estratégia comum para as suas futuras negociações com as autoridades de Luanda, negociações essas desde há muito adiadas mas que esperam agora que se tornem mais fáceis devido à existência do Forum.
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