Independentemente das diferenças de opinião entre nós, confesso que é quase obrigatório para qualquer moçambicano lúcido, hoje, parabenizar a Liga dos Direitos Humanos de Moçambique, equivalendo isto a condecorar o esforço que a sua presidente tem feito em prol dos direitos humanos e dos desfavorecidos neste vasto
território.
A motivação para este parabenizar surge do facto de ter conseguido fazer voltar à normalidade funcional o jovem que lhe tinham sido amputados os órgãos genitais, património valioso para qualquer ser humano que se preze, não só para as actividades
fisiológicas do dia-a-dia como também para desfrutar dos prazeres que tais órgãos oferecem aos seus portadores, e finalmente para a natural função de reprodução. Diria que para este jovem, não fosse a Liga dos Direitos Humanos sob a liderança da senhora Alice Mabota, estava tudo perdido, este jovem só poderia vegetar sem prazer e sem razões específicas para viver!
Aqui, caro concidadão, não importa a nossa diferença de opinião, importa, acima de tudo reconhecer o valor da obra desta senhora e da instituição que dirige e, por mais que não se concorde com os seus métodos, a verdade manda dizer que ela está certa, por mais que não simpatizemos com ela, ela tem obra, porque, meus amigos, o que ela conseguiu é de facto obra.
Quis, pela via do telefone, no programa radiofónico Café da manhã fazê-lo, mas não consegui, e penso que como eu existirão muitos outros cidadãos que não puderam telefonar para manifestar o seu gesto de encorajamento, quiçá, congratular a senhora Alice Mabota por aquele feito mais recente na sua instituição.
Mas, mais do que congratular o feito, é preciso dizer que pessoalmente concordo com a ideia de que a sociedade civil saia à rua para manifestar o seu repúdio a este tipo de crimes, que são cometidos sob vários pretextos, mas que continuam impunes no nosso belo Moçambique, é preciso entender que a dita manifestação é, acima de tudo, ante crime e eu penso que a todos nós, independentemente das nossas ideologias, repugna
ver este tipo de coisas a acontecer. Isto não é estar contra este ou aquele, é estar contra o crime e seus mentores sejam eles membros de partido ou não, religiosos ou ateus, ricos ou pobres, todos merecem o nosso repúdio, o repúdio da sociedade civil a quem a senhora Alice apelava para sair à rua.
É preciso, aqui e agora, manifestar o meu desagrado em relação à atitude da instituição da Acção Social do nosso país, especificando o próprio ministério, porque para casos como este seria esta instituição a liderar os processos em nome do governo de Moçambique e aqui parece que o deixa-andar está patente.
Manifestação de apoio também não se tem feito sentir em relação a pessoas de créditos firmados, mas que se encontram apoquentados por diversas enfermidades, tal é o caso do Carlos Lhongo que muito fez para a nossa sociedade, muito deu até aos partidos políticos, é triste hoje saber que um determinado tratamento ficou por se fazer por falta de recursos financeiros, sinceramente! Haja sentido de humanidade nas instituições do estado também, ou será pedir muito!
CORREIO DA MANHÃ(Maputo) – 18.04.2005