Num Portugal que se expandiu e bastante guerreou ao longo da sua história há um pensar sobre os que morreram nessas guerras longínquas que, assim grosso modo, oscila entre dois polos.
Um deles, dito mais conservador, valoriza a identidade comum, indiferencia um interno, baliza um projecto nacional unânime (por vezes chamado patriótico), e saúda objectivos e realizações desse passado. A este às vezes chamou-lhe gesta ou epopeia, e nisso costuma aplicar-lhe várias maísculas, estas como se fortalezas de sentimentos. Exalta, claro, os caídos nesses passos, consagrando heroísmos, os célebres e os anónimos, vistos como agentes de um desígnio. Nisso se respeitam e se recordam os nossos mortos. Símbolos do que somos, heranças para os que se seguem nesta História que se quer perene pois orgulhosa.
Um outro, dito mais progressista, lembra uma identidade comum sobre um diferenciado interno, de poderes e de classes feito, baliza os projectos nacionais (quase nunca chamados patrióticos) como se plurais frutos dos conflitos entre diferentes grupos, e assim contextualizados critica objectivos e realizações desse passado. A este às vezes chama-lhe expansão ou descobertas, e nisso costuma aplicar-lhe várias aspas, estas como se vassouras de sentimentos. Exalta, claro, os caídos nesses passos, consagrando heroísmos, mas mais atento aos anónimos, até vistos como vítimas de poderes mobilizadores. Nisso se respeitam e recordam os nossos mortos. Símbolos do que fomos, heranças para os que se seguem na História que se quer perene pois reflexiva.
Será demasiado simples chamar a isto a persistência das religiões dos ancestrais. É mais, qualquer que seja o poiso de onde se fala, olhar e usar o(s) (ante)passado(s) para imaginar o presente e construir o futuro. Mais ou menos criativamente, consoante o paladar.
Pemba, Cemitério Militar da Commonwealth, I Guerra Mundial




Pemba, Talhão Militar Português





Um país* que não cuida dos seus mortos desistiu de o ser.
NOTA: Retirado do Blog MA-SHAMBA
http://maschamba.weblog.com.pt/
Veja
http://macua.blogs.com/25_de_abril_o_antes_e_o_a/2005/01/portas_vai_recu.html
Parece pois que agora os cemitérios dos nossos ex-combatentes serão recuperados, por decisão de Paulo Portas.