COM O ACTUAL CENÁRIO DE LIVRE CIRCULAÇÃO ENTRE MOÇAMBIQUE E ÁFRICA DO SUL
REFINALDO CHILENGUE
Poucas hipóteses restam para as autoridades do Reino da Suazilândia, que não se juntaram aos seus grandes vizinhos aos quais está completamente encravado, abrindo o seu espaço para a livre circulação para os povos moçambicanos e suázis.
Caso contrário, os agentes económicos do pequeno reino montanhoso, com especial destaque para os do sector comercial e da prestação de serviço, têm o futuro altamente ameaçado, uma vez que os moçambicanos eram parte sensível do universo dos seus clientes.
Com as fronteiras da África do Sul completamente escancaradas, situação acrescida pela distância (menos de 100 quilómetros de Maputo para os primeiros centros comerciais sul-africanos em Komatiport), fica sombrio o futuro dos agentes empresariais de Manzini (cerca de 180 quilómetros
da capital moçambicana e que já serviu de supermercado da classe média/ alta de Maputo na década de 80 do século passado).
O Correio da manhã constatou, por exemplo, este sábado, um sentimento desolador entre alguns comerciantes de Lomaacha (localidade limítrofe entre Moçambique e Suazilândia) e da região açucareira de Symunhe (aproximadamente 20 quilómetros da fronteira), cada vez que se falava da
recente decisão dos governantes de Maputo e Tshwane (ex-Pretória), relativamente à circulação de pessoas entre os dois territórios.
Perante este cenário, o jovem playboy africano (por acumular numerosas esposas – detém actual e oficialmente 11 esposas, duas noivas e 24 filhos – e Makosetive, vulgo Mswati III, também conhecido por Nkossi Ngonhama (Rei Leão) poucas hipóteses lhe restam senão mandar abrir as fronteiras do seu reino de 17.363 quilómetros quadrados e habitado por cerca de 1.170.000 milhão de habitantes com um PIB nacional de 5,7 milhões de dólares norte-americanos.
Nota do Autor: Mswati III, que esta terça-feira faz 37 anos de idade, não tem, ainda, motivos para se gabar da sua performance junto das mulheres. Está ainda muito longe de atingir o recorde do seu antecessor, o seu progenitor Rei Sobhuza II, que, em 61 anos de reinado, teve, oficialmente, mais de 70 mulheres e quando morreu deixou mais de 200 descendentes, todos eles a viver hoje às expensas do actual monarca, que tem o sorriso permanente como sua “marca registada” e é o 67º filho do anterior monarca, a acreditar nos dados oficiais.
Mswati III tem o direito de anualmente mandar perfilar milhares de raparigas virgens dos nove aos 19 anos seleccionadas em todo o território (com uma taxa de seroprevalência na casa dos 20%) para
escolher uma como noiva, num ritual tradicional chamado Umhlanga na única monarquia ao Sul do Sahara. Poucos pais opõem-se à escolha da filha para mais uma concubina do jovem monarca, por constituir uma maneira fácil de ver a prole a crescer e viver em conforto num dos países mais pobres do mundo.
CORREIO DA MANHÃ(Maputo) – 18.04.2005