CRÓNICA excepcional
Por João Craveirinha – de Estocolmo, Suécia
Achega ao [mocambiqueonline] Final de domingo Encarnado (1/2)
Caros compatriotas Moçambicanos (alguns serão mesmo?).
Normalmente não participo ou escrevo em grupos on-line. Só observo e tiro ilações próprias como parte de meu enriquecimento de pesquisa e de estudo histórico – sociológico e de Psicologia de massas sobre alienação nos new Mozambican times…e também não entro em diálogo directo para evitar abusos de confiança e de falta de respeito pela parte de alguns leitores (poucos), quiçá, menos esclarecidos em termos de leitura e interpretação de contextos metafóricos ou simbólicos (e de silogismos), heranças de uma escolaridade deficiente desde a raiz Primária à Universidade. Meu contributo pretende sempre ser didáctico e muito menos conflituoso daí o distanciamento.
Encontro -me em regresso da Suécia e Alemanha via Dinamarca e Holanda – onde andei por 1 mês e algo em gira literária (divulgação de meus 3 livros + 1 e proferindo aulas/palestras em Universidades, etc.), exaustivo mas gratificante –... Todavia, quando podia, mesmo com atraso, consultava os emails e lá ia acompanhando o que os mais novos cidadãos “moussas”(de Mussa), debatiam na minha / nossa Terra...e com alguma tristeza de amiúde devido à alienação cultural com que muitos assuntos são debatidos, em particular ao dos Futebóis – aliás, um dos temas de um dos meus livros na forja intitulado “ Crónicas do Futebol do País da m’Arrabenta”, abordando a origem da alienação colonial nos Futebóis remontando precisamente ao colonialismo na génese da origem dos clubes desportivos portugueses em Moçambique, (re)criados com saudosismo da Metrópole colonial, mas também, com intenção política de “consolidar o portuguesismo no negro”, alienando o moçambicano até à medula do seu subconsciente, esvaziando-o da sua capacidade de “auto-construir” valores de uma dignidade africana baseada na sua auto estima da condição de SER um cidadão independente sem recorrência a referências coloniais ou a ismos desse passado / presente alienatório, sempre presente, aquando de uma “fé pseudo clubista portuguesa ou imitadora servil”, revelando um portuguesismo (mais português que o dos próprios portugueses indígenas de Portugal), de “arrepiar nos seu túmulos intemporais” os construtores do proto - nacionalismo Moçambicano a começar pelos irmãos João e José Albasine e Estácio Dias, o popular ZAGUETA o maior líder desportista eclético e dançarino Moçambicano de nome real José Paixão, criador da m’Arrebenta na sua forma moderna de dançar (sub)urbana). No rol incluiríamos o carismático advogado Karel Pott (sem esquecer José Craveirinha, Noémia de Sousa e Kalungano à posteriori) e muito mais tarde Luís Bernardo Honuana –, pois seriam eles na sua conduta em pleno colonialismo português, os despertadores da consciência política através da CULTURA em que os Futebóis por exerceram uma magia nas massas sem massas, quer alimentícias, quer financeiras, seriam conduzidas para uma submissão total inconsciente através da alienação cultural total, esvaziando essa identidade nacional embrionária, fomentando um complexo colonial de inferioridade, pelos vistos aos dias de hoje.
Na A.F.A (Associação de Futebol Africana), entre 1920 a 1960, dos subúrbios quer de LM ou em SOFALA, os africanos se organizariam em Clubes de Futebol de marcada intenção nacionalista Moçambicana e contra o racismo português de discriminação também desportiva no início, excepção feita em 1917, aos Vermelhos depois 1º de Maio de LM, fundada por operários ferroviários portugueses desterrados. No entanto, em alguns clubes de não “brancos”, surgiriam certas discriminações por categorias étnicas ou de origem familiares, fomentadas pelos portugueses coloniais, como forma alienatória de enfraquecer a consciência política entre os Moçambicanos…isto no tempo de nossos Pais e Avós.
O ditador português, António de Oliveira Salazar e Francisco Franco de Espanha, na década de 1950, quando queriam esvaziar o conteúdo de uma pré – mobilizada e descoberta manifestação popular anti – fascista em Portugal (Jamor - Lisboa), organizavam um match de Futebol, Portugal – Espanha (do tempo de Matateu e de Travassos) …desviando do cidadão lusitano o mais importante – o desafio aos regimes autocráticos e monopartidários ibéricos. A propósito e em conformidade, em Portugal nessa altura, seria lançada em tom jocoso a tetralogia dos 4 éfes (3 tragédias e uma comédia?), com que Portugal dominava e mantinha na “ignorância” o povo português no seu imaginário colectivo e por acréscimo o das colónias em África.
1º F: Fátima (a religião e correlacionada a superstição dos milagres e da aceitação da situação política) – 2º F (Fado – a cultura popular do culto da mágoa, tristeza, mantendo a apatia) – 3º F – tenho a decência de não escrever por extenso mas sugiro… trata-se (da F. d . ou prostituição para “descarga” do ego -machista do homem) – 4º F – o FUTEBOL ou melhor “Panem et Circenses” – Pão e Espectáculos de Circo como escreveu indignado Juvenal na antiga Roma, criticando a decadência dos romanos que só pediam Pão e Espectáculos de Circo caindo em total alienação do espírito. (Continua)…
Achega ao [mocambiqueonline] Final de domingo Encarnado (2/2)
Em 2005 Maio, os fantasmas de Franco e Salazar, acantonaram em Moçambique e Angola, Cabo Verde, St. Tomé & Príncipe e Guiné B.) … Os seus xipócues (Salazar e Franco), sorriem felizes do inferno pois o colonialismo ideológico continua latente e desperta com os campeões do Futebol português sejam o Benfica, Sporting, Portos e quejandos não encontrando essa vibração nos clubes de Futebol nacionais africanos. Não é por acaso que os saites portugueses (hiper satisfeitos), dão destaque a esta explosão de “portuguesismo” dos Moçambicanos em Maputo a propósito da vitória do Benfica de Lisboa em Portugal.