Três chefes de Estado e um primeiro- ministro de países da sub-região - Senegal, Níger, Nigéria e Guiné-Conacri - deslocam-se este sábado à Guiné-Bissau Bissau para se inteirarem da crise política no país.
Os presidentes Abdoulaye Wadé, do Senegal, Mamadu Tanja, do Níger, Olesegun Obasanjo, da Nigéria e o primeiro-ministro, Cellou Dallain Dialló, da Guiné-Conacri, estarão em Bissau como "facilitadores do diálogo" entre os diferentes actores políticos guineenses, indicou à Agência Lusa fonte do ministério dos Negócios Estrangeiros.
Segundo a fonte, os quatro dignitários oeste-africanos tentarão desbloquear a situação de crise que se regista no país após a recente declaração do ex-chefe de Estado guineense, Kumba Ialá, que se auto- proclamou presidente da República.
O primeiro a chegar a Bissau, às 11:00 locais (12:00 em Lisboa) será Mamadu Tanja, na sua qualidade de presidente em exercício da Comunidade Económica dos Estados da Africa Ocidental (CEDEAO).
A seguir, pelas 14:00 (15:00 em Lisboa), chegam no mesmo avião os presidentes Wadé e Obasanjo e o primeiro-ministro da Guiné-Conacri, Cellou Dialló, que representa o presidente Lansana Conté.
A agenda de encontros está ainda em elaboração. No entanto, os serviços do Protocolo de Estado guineense pretendem que os quatro dignitários se avistem com o maior número possível de interlocutores. Garantidas estão as reuniões com o presidente da República interino, Henrique Rosa, com o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior e com as chefias militares.
A fonte do MNE não precisou se os quatro dignitários africanos terão encontros com os candidatos às eleições presidenciais de 19 de Junho.
Na semana passada, o presidente do Senegal, Abdoulaye Wadé, defendeu que os guineenses não devem admitir quaisquer ingerências estrangeiras nos assuntos internos do país.
A opinião de Wadé, muita criticada por diversos círculos políticos e sociais da Guiné-Bissau, foi expressa no âmbito da cimeira de chefes de Estado e governo de países que integram a Organização da Valorização da bacia do Rio Gâmbia (OVRG), realizada em Bissau.
Na altura, tanto o presidente Henrique Rosa como o primeiro- ministro, Carlos Gomes Júnior, consideram "dúbias" as palavras do chefe de Estado senegalês.
Devido ao clima de instabilidade na Guiné-Bissau, os países vizinhos, através dos respectivos chefes de Estado, têm assumido um papel cada vez mais determinante na obtenção de consensos.
Desde que Kumba Ialá se auto-proclamou chefe de Estado, no passado dia 15, aumenta no país a expectativa quanto à resposta que poderá ser dada pelos países da sub-região, sobretudo a do presidente Obasanjo, da Nigéria, na sua qualidade do actual líder da União Africana.
NOTÍCIAS LUSÓFONAS - 20.05.2005