CNE anuncia vencedor, Renamo protesta

ELEIÇÕES EM MOCÍMBOA DA PRAIA

A Comissão Nacional de Eleições confirmou, ontem, a vitória do candidato da "maçaroca e tambor",

nas eleições intercalares no município de Mocímboa da Praia, no entanto, o mandatário da "perdiz", Augusto Mateus, assegurou, momentos depois do anúncio oficial dos resultados, que o seu partido vai protestar os resultados por julgar que foram cometidas muitas irregularidades.

Segundo a CNE, o candidato dito vencedor, Amadeu Pedro, obteve 52,7 por cento dos votos, contra

47,33 por cento de Saíde Hassane.

Em contacto com a comunicação social, Augusto Mateus avançou que o seu partido(Renamo) não iria aceitar o veredito da CNE «o processo foi viciado, as nossas reclamações, apresentadas no acto de apuramento dos resultados, nas mesas de votação, pelos delegados de mesa, não foram devidamente respeitados». O reverendo Arão Litsure, presidente da CNE, garantiu que «as eleições foram justa e transparentes, nenhuma coisa decorreu fora da lei» e quanto às aludidas reclamações da "perdiz" ainda não chegaram ao órgão que dirige.

Os problemas de sempre

Como sempre, o Secretariado Técnico da Administração Eleitoral, órgão cujos quadros de direcção,

incluindo o seu director-geral foram indicados a dedo pelo governo/Frelimo, invalidou 779 votos na eleição intercalar para a presidência do município de Mocímboa da Praia, o que lança dúvidas sobre o vencedor do escrutínio.

O número de votos invalidados é superior aos 557 votos, que separam os dois candidatos, Amadeu

Pedro, da FRELIMO, e Saíde Hassane, da RENAMO. O número de boletins invalidados pelo STAE corresponde a 7,2 por cento dos votos expressos no escrutínio em causa e a sua reverificação poderia ter um impacto decisivo no resultado final da votação, uma vez que apenas 557 votos separam os dois candidatos à presidência do município.

Segundo os resultados provisórios do STAE, o candidato da FRELIMO, partido no poder, Amadeu Pedro, está à frente da contagem com 5.225 votos e o concorrente da RENAMO, Saíde Hassane, segue em segundo lugar, com 4.668 votos. Justificando a invalidação dos 779 votos, sem a sua reverificação, conforme exige a lei eleitoral moçambicana, o director do STAE no distrito de Mocímboa da Praia, Amós Muchanga, afirmou que a medida deveu-se ao facto de os boletins em causa terem sido inutilizados com tinta, o que tornou desnecessária a sua requalificação.

A eleição do presidente do município de Mocímboa da Praia, foi marcada por detenções de quadros da RENAMO e cenas de violência envolvendo a Polícia e simpatizantes da Renamo.

Comentando a situação, o presidente da RENAMO, Afonso Dhlakama, afirmou na segunda-feira à sua chegada do Brasil, que os acontecimentos em Mocímboa da Praia são “mais uma má notícia para a democracia moçambicana”.

LC, LUSA E REDACÇÃO

IMPARCIAL – 27.05.2005