Quadros seniores do Instituto Nacional de Hidrografia e Navegação (INAHINA), dentre eles o seu director, poderão estar a incorrer numa situação de conflito de interesse, ao deterem capitais em empresas ligadas ao ramo de actividade do INAHINA.
No caso do director, Albano Gove, a sua esposa, Cecília José Mabota, é proprietária legal de uma empresa envolvida no mesmo ramo de actividade em que se encontra aquele organismo do Estado, nomeadamente a Geoinformática.
Como se isso não bastasse, Estévão Teófilo James, chefe de Departamento de Hidrografia, e Alexandre Sebastião Chongo, chefe do Departamento de Manutenção e Trem Naval do INAHINA, são associados numa empresa que executa muitos dos trabalhos do ramo do INAHINA.
Segundo os registos notariais da Geoinformática Lda, são co-proprietários desta Cecília Mabota e o antigo chefe do departamento de oceanografia do INAHINA, Filipe David Chemane, já falecido.
Um documento enviado por um grupo de trabalhadores do INAHINA ao antigo ministro dos Transportes e Comunicações, Tomaz Salomão, com a data de 4 de Julho de 2004, indica que outros membros do conselho de direcção do INAHINA estariam, directa ou indirectamente, ligados á Geoinformática, naquilo que consideram uma clara situação de conflito de interesse.
Na mesma carta enviada a Tomaz Salomão, os trabalhadores queixosos diziam que a Geoinformática foi concedida e desenvolvida dentro do INAHINA, utilizando meios informáticos e humanos desta.
Numa outra carta, também dirigida a Tomaz Salomão, os trabalhadores referem que `os chefes de departamento de Oceanografia e de Manutenção e Trem Naval carregaram de Maputo e da Beira no passado mês de Junho equipamento de sondagem hidrográfica pertencente ao INAHINA para realizarem trabalhos particulares da empresa Geoinformática em Sofala´.
Eles apontam também uma outra empresa envolvida nas mesmas actividades do INAHINA, a Geosolutions, a qual está registada tendo como sócios Estevão Teófilo James, chefe de Departamento de Hidrografia, e Alexandre Sebastião Chongo, chefe do Departamento de Manutenção e Trem Naval do INAHINA.
Trabalhadores do INAHINA executam trabalhos destas empresas, com despesas pagas pelo INAHINA, que também paga as deslocações dos seus funcionários que são sócios das mesmas. As denúncias dos trabalhadores incluem também situações de deliberado desvio de negócios que poderiam ser efectuados pelo INAHINA.
Contactamos o director do INAHINA, tendo lhe colocado duas questões às quais disse que não poderia responder porque `precisava de ter cópias dos documentos que estão na posse do SAVANA; como não os tinha, era difícil responder´.
Disse por outro lado, que 'estas pessoas que contactaram o SAVANA nunca colocaram essas questões aqui na instituição, nunca recusei discutir qualquer assunto com os trabalhadores´, sublinhou Gove.
SAVANA - 13.05.2005