A Editora PUC-SP – Educ e o Autor convidam para o lançamento de
CULTURA ACÚSTICA E LETRAMENTO EM MOÇAMBIQUE
Em busca de fundamentos antropológicos para uma educação intercultural de José de Sousa Miguel Lopes
Dia 28 de maio de 2005 às 11 horas, na Quixote Livraria e Café
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Resumo do trabalho e texto da contracapa:
As questões de escolarização e de letramento que envolvem o povo de Moçambique estão embebidas dos decisivos problemas que a modernidade impôs aos povos da periferia do mundo ocidental e cristão; portanto, a nós brasileiros também.
O autor nos incita a pensar que não há uma linha reta a unir a difusão da leitura e escrita em sociedades como a moçambicana, e a partilha universal dos benefícios das culturas urbanas e tecnológicas. Porque a palavra escrita não carrega apenas os benefícios das belas-letras; ela pode ser, como mais das vezes tem sido, o algoz da “cultura acústica”, da memória, do fio do tempo de que cada membro de uma nova geração pode ser herdeiro e portador. José Miguel fala de Moçambique como se lesse a palma da mão. Estava lá, entre as lideranças revolucionárias que lutaram por uma nova cultura e uma nova sociedade pautada em uma economia autônoma. Falando de Moçambique, contudo, ele abre seu pensamento para os universais problemas de inclusão social por via da escolarização.
Mirian Jorge Warde
Neste trabalho, o autor analisa a cultura moçambicana, que designa como acústica, porque tem no ouvido, e não na vista, seu órgão de recepção e percepção por excelência.
Nessa cultura se recorre (como artifício de memória) ao ritmo, à música, à dança, à repetição e à redundância, às frases feitas, às fórmulas, às sentenças, aos ditos e refrões, à retórica dos lugares-comuns e às figuras poéticas.
Contudo, no pós-independência, a política lingüística adotada pelo poder político não levou em consideração esses traços fortes da oralidade (presentes nas línguas autóctones), o que acabou influenciando o processo de letramento.
Às elevadas taxas de iletramento herdadas do período colonial vieram somar-se, com o passar dos anos, as preocupantes taxas de evasão e repetência, sobretudo nas primeiras classes da escolarização formal e no processo de erradicação do iletramento entre jovens e adultos.
Uma das razões para o agravamento das taxas de iletramento está na adoção da língua portuguesa como língua oficial e língua de ensino e na conseqüente rejeição, por parte do poder político, do estudo, da sistematização e da introdução das línguas autóctones moçambicanas nas primeiras classes. Mas, mais do que isso, a rejeição desse rico universo lingüístico pode estar contribuindo para perdas irreversíveis das tradições orais, ao mesmo tempo que constitui um desrespeito e uma desvalorização das várias culturas étnicas. A longo prazo, se se mantiver tal política lingüística, poderão ocorrer perdas significativas na memória coletiva, podendo também extinguir-se algumas ou uma grande parte das línguas autóctones.
A manter-se a atual política de homogeneização cultural, estarão igualmente sendo criadas condições para a ampliação das tensões étnicas, provocando clivagens no tecido social moçambicano. Para problemas tão complexos, sustentamos que se deverá implantar, em termos lingüísticos, um bilinguismo que possa abrir caminho a uma revalorização da(s) cultura(s) acústica(s) e, consequentemente, das línguas autóctones, sem prejuízo para o fato de que em inúmeras funções a língua portuguesa continue desempenhando o papel de língua oficial, construindo, assim, uma cada vez mais efetiva educação intercultural.
José de Sousa Miguel Lopes
CULTURA ACÚSTICA E LETRAMENTO EM MOÇAMBIQUE
em busca de fundamentos antropológicos para uma educação intercultural
José de Sousa Miguel Lopes
9 7 8 8 5 2 8 3 0 2 8 5 1
ISBN 852830285 -7
Nota Biográfica:
José de Sousa Miguel Lopes pediu-me para divulgar o Convite de Lançamento do seu livro "Cultura Artística e Letramento em Moçambique" com o subtítulo "Em busca de fundamentos antropológicos para uma educação intercultural".