JOHANESBURGO - O número de pobres na África praticamente dobrou entre 1981 e 2001, e hoje o continente abriga praticamente todos os "ultrapobres", pessoas que vivem com menos de 50 centavos de dólar por dia, segundo um novo estudo, publicado pela Unidade de Pesquisas de Desenvolvimento Político da Cidade do Cabo.
De acordo com o relatório, intitulado "Pobreza, Desigualdade e Mercados de Trabalho na África: Uma Visão Descritiva", a África Subsaariana responde "por quase todos os ultrapobres do mundo: a saber, aqueles indivíduos que vivem com menos de meio dólar por dia, que é o padrão da linha de pobreza."
"O problema do mundo em desenvolvimento é com os moderadamente pobres - para a África Subsaariana, é com os ultrapobres."
O texto diz que 46% dos africanos vivem com menos de um dólar por dia e que 21% sobrevivem com menos da metade disso. Cerca de 6% vivem com menos de 0,25 centavos de dólar. O relatório aponta também que há cada vez mais miseráveis na África.
- Em termos absolutos, enquanto havia aproximadamente 164 milhões de pobres na África Subsaariana em 1981, essa cifra aumentou para 316 milhões em 2001.
Esse cenário sombrio é radicalmente diferente em outras regiões em desenvolvimento.
O relatório diz que, entre 1981 e 2001, o sul da Ásia conseguiu reduzir seus nível de pobreza em um ritmo de 2% a 3% ao ano. O extremo Oriente também diminuiu significativamente a pobreza, mesmo estando a China excluída.
"Ao longo de um período de 20 anos, especialmente na década de 1990, a África Subsaariana foi incapaz de alterar significativamente a proporção de indivíduos da região que ganham abaixo de US$ 1,03 por dia - o que representa um forte contraste com outras regiões do mundo em desenvolvimento."
O estudo também chama atenção para o fato de que os africanos permanecem pobres mesmo quando há crescimento econômico.
"É evidente que, para o mesmo nível de crescimento, a África Subsaariana é menos capaz de aliviar a pobreza do que o Leste da Ásia e a região do Pacífico", diz o estudo. "A África Subsaariana, além de taxas de crescimento inadequadas, tampouco está traduzindo efetivamente esse crescimento em alívio da pobreza."
Reuters - 23.05.2005